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Autor: Lúcia Bragança Paulino

Depois de uma separação muita coisa muda entre a mãe, o pai e os seus filhos. Todos os momentos seguintes são difíceis e, por vezes, imprevisíveis. Por um lado, certos pais que demonstravam pouco interesse pela criança, passam a aperceber-se da importância desta relação, alguns assumindo um papel mais relevante posteriormente ao divórcio. Outros, que estavam sempre presentes e bastante envolvidos na relação parental, desaparecem após este momento de crise.

A intensidade das emoções vividas numa separação é tão profunda que todas as reações são possíveis, mesmo aquelas que são inaceitáveis. Falamos de uma alteração de identidade, mudança de papéis e sensações de insegurança e culpa. Tudo isto levado ao extremo leva a que cada um tente sobreviver da melhor forma, com as defesas próprias e na maioria das vezes, quem paga o preço são os mais novos.

A “visita” do progenitor que sai de casa, ou daquele com quem a criança passa menos tempo, é sempre um momento complexo e que ninguém aprende a enfrentar. Trás tanto de incómodo como de penoso, por vezes com horários tão rígidos que provocam tensão na relação dos pais com a criança. São rituais que pecam pela naturalidade de uma relação, que por vezes se resumem a uma ida ao parque ou a um diálogo parco de palavras. Momentos que numa primeira fase vêm carregados de mágoa, tristeza e que só o tempo ajudará a reagir de uma forma mais natural. Também a criança precisa de se adaptar e do seu próprio tempo para aprender a lidar com a nova situação. Casos como a criança ou adolescente que não quer ir com o pai/mãe no momento da “visita” são frequentes, e extremamente delicados. É importante que a criança entenda que o outro também sofre, que o progenitor que está mais ausente não é o mau da fita, e que na verdade não há bons e maus nesta história, há sim uma crise que traz sofrimento a todos os intervenientes.

Será importante encontrar um equilíbrio entre o bom senso e o bem-estar da criança, tendo em conta que esta ganha mais quanto maior for a presença emocional de ambos os progenitores. Já João dos Santos dizia que “uma criança que sofre a separação dos pais, não pode aprender bem, porque está preocupada com a sua privação afetiva”.