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Autor: Lúcia Bragança Paulino

A violência infantil ocupa diariamente a primeira página da atualidade com notícias sobre casos de crianças abandonadas, crianças vítimas de maus-tratos, negligenciadas e ainda as que são vítimas de abuso sexual. É uma realidade à qual não podemos fugir e que mexe com os sentimentos de qualquer um – todos fomos crianças e sofremos ao ver as injustiças por que passam tantas destas vítimas. Torna-se assim necessário refletirmos sobre as causas destes crimes sem quaisquer preconceitos científicos e morais, para podermos responder ao interesse superior da criança.

A violência intra-familiar não é um fenómeno recente, há no entanto, uma tendência à idealização dos pais, visto que é difícil aceitar que estes possam maltratar os próprios filhos. Temos ainda a violência psíquica que é muito mais difícil de diagnosticar e provoca na criança os mesmos sentimentos de fraqueza e abandono. As situações de violência continuada no tempo são as que mais marcam os sentimentos de desamparo destas crianças.

Sem perdermos de vista que a família ideal não existe, é necessário criar para a criança uma família suficientemente boa que promova regras de vida, bem como uma partilha de sentimentos e vivências, onde a criança se sinta protegida.

A dor da criança não é exclusivamente a que advém de maus-tratos, abandono, violação, etc. Existem sofrimentos bem mais dissimulados, que mesmo pais bem-intencionados podem infligir aos filhos e que são devidos à impossibilidade que muitos adultos têm de se colocar no lugar da criança. Para isso, temos que ser capazes de as ouvir com atenção. Temos que saber privilegiar o bem-estar físico e psicológico da criança, pondo de parte todos os preconceitos e estereótipos da nossa sociedade. A falta de recursos económicos adequados no nosso país, e a mentalidade, por vezes ainda bastante retrógrada, dos intervenientes nos processos, leva a que a situação atual não se desenvolva no melhor caminho. Sem um compromisso sério entre Estado e Sociedade na aplicação dos recursos e na educação dos cidadãos, não conseguiremos prosseguir para um estado de direitos efetivo e de equilíbrio humano.