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À espera de Letícia: reflexões para um Novo ano!

Carolina L. Peixoto

Letícia? Sofia? Leonardo? Por vezes me pego à espera de meu filho(a) sonhando com nomes de bebês. Seria Letícia, que significa a alegria plena; Sofia e sua sabedoria ou Leonardo com sua força e bravura de um leão?! Perco-me em devaneios até de repente me dar conta de que não estou grávida, ainda! Ah, a boa e velha ansiedade me pegou na esquina entre a Avenida do Futuro e a rua do “Se”.  Aos poucos, retorno à Praça da Realidade, recém reformada em 2016 e visito os projetos para ampliação deste espaço no próximo ano.

Certo dia um querido professor de Psicologia nos disse que Letícia ou Letizia é uma das palavras que os italianos usam para denominar alegria. Deve ser mesmo um povo muito feliz para ter mais de um termo a fim de conseguir traduzir tal sentimento tão importante! Voltando ao Brasil, uma amiga relembrou os ensinamentos de nosso estimado mestre dizendo que o estado de Letízia “é aquela positividade que permanece em nós, independente das circunstâncias, como um entusiasmo, uma alegria plena”. Lindo não?! Aliás, bons professores e amigos queridos fazem parte de uma boa “receita” para a felicidade.

Contudo, por vezes os bolos desandam e nem tudo é alegria, quanto mais em sua forma plena e duradoura. Em um destes momentos de reflexão que temos a tendência de viver nos finais de ciclos, uma pessoa especial me disse o quanto aprendeu nesse ano com as frustrações que viveu. É isso mesmo, ela amadureceu e cresceu com aquelas coisas que não colocamos nas fotos e posts do facebook ou outras redes sociais.

Certa vez li um lindo livro da jornalista Leila Ferreira denominado “Viver não dói”. Nele havia um poema que me marcou muito denominado “Canção”, de Emílio Moura. Ele dizia: “Viver não dói. O que dói é a vida que se não vive. Tanto mais bela sonhada, quanto mais triste perdida”. Drummond tem um poema com o mesmo nome desse livro e nele o autor afirma que “esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”. O poeta mineiro finaliza em consonância com os ensinamentos da filosofia budista: “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”.

“Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!”, continua a nos brindar Drummond e nos oferecer caminhos possíveis nessa construção do novo em nós e no alívio desta dor do ‘se’ que muitos de nós vivemos.

Espero que este seja um convite para repensarmos o que nos cabe fazer para que 2017 possa ser realmente um novo ano e que nele possamos ser e viver o que é. Sem tantos “ses”, com mais ações focadas em nossos sonhos, desejos, potencias e possibilidades. Aceitando a dor do que é (ou não é), correndo riscos calculados (ou nem tanto) em busca desse algo mais que acreditamos poder colher no ano que se inicia.

Voltando à espera inicial, lembro-me de uma música de Milton Nascimento denominada “Filho”. A canção nos diz com maestria: “Toda vida existe pra iluminar o caminho de outras vidas que a gente encontrar”.  Enfim, por enquanto, estou grávida de meus sonhos e do desejo de que possamos ter sabedoria, além de muita bravura e coragem, para que este possa ser um Novo ano repleto de muita saúde, luz, do que mais sonharmos e, é claro, de muita Letícia!

Em meio a tudo isso, anseio que possamos crescer com nossas alegrias e frustrações, colhidas com sonhos plantados e regados à espera de um fértil e próspero amanhã.