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Ana Beirão

Ana Beirão

Muitas vezes ouvimos algumas pessoas a desviarem a atenção dos seus problemas para falar sobre outras pessoas ou outras situações. A “desculpa” é algo muitas vezes ouvida em sessão, seja por não ter feito uma determinada ação, por não ter conseguir alterar determinados padrões, por ter tido uma situação que impossibilitou de fazer o que se tinha comprometido, por …. Por muitas coisas, mas metade delas são apenas desresponsabilização. Não se pode estar sempre a culpar a família, os amigos, o namorado ou a falta dele, a responsabilidade pelas ações ou pela falta delas é da própria pessoa e de mais ninguém. Certamente que haverá situações excecionais, mas convém sabermos identificá-las corretamente…

Afinal quando falamos de responsabilidade, o que é que realmente queremos salientar? Obviamente que quando falamos de saúde mental, sabemos que a pessoa não é responsável por ter de viver com uma determinada perturbação, por ter uma determinada doença, mas é responsável pelas suas ações no caminho da sua recuperação. O comportamento está dentro do seu controlo ou gestão. Observamos que algumas pessoas que nos procuram, não tem ferramentas para conseguirem mudar determinados padrões mas quando começam a entender melhor a sua condição, a fazerem terapia, a serem acompanhas por psicólogos e psiquiatras, então aí começam a ganhar essas tais ferramentas que possibilitam um novo caminho no estabelecimento do bem-estar.

A responsabilidade do processo terapêutico diz respeito tanto ao terapeuta como ao cliente. Obviamente que ambos apenas se encontram, na melhor das hipóteses, uma vez por semana, e as sessões apenas duram cerca de uma hora. O que acontece em sessão depende dos dois, a par com o profissionalismo de um e a dedicação e aprofundamento do outro, mas o que acontece entre sessões depende efetivamente do cliente. A terapia só funciona quando a pessoa aceita e procura integrar no seu dia-a-dia mudanças como, a tomada de prescrição quando necessária, regulação de padrões de sono, uma alimentação equilibrada, prática de exercício, modificação de padrões de pensamento e comportamento, e aí, alguns resultados começam a sentir-se. As desculpas desaparecem e a pessoa começa a ser responsável. E daqui advém o sentimento de controlo sobre a sua própria vida.