Bebés com princípios

Tempo de Leitura: 3 min

Bebés com princípios

Nascemos já com princípios de moralidade?

Os bebés são uma fonte de interesse generalizado. Um interesse por vezes até relacionado com o misterioso mundo dos bebés. O que estarão a sentir? Para onde estão a olhar? Estarão a pensar em alguma coisa? Como não falam e não escrevem o acesso ao seu mundo interno é mais difícil e ao mesmo tempo um desafio interessante. Há uns dias tive a oportunidade de ver um documentário verdadeiramente fascinante sobre o qual não poderia deixar de escrever.

Um equipa de psicólogos do B.A.B.Y. Lab (Behavioral Analysis of Beginning Years), da Cornell University liderou um estudo sobre bebés e os princípios de moralidade: lá porque não podem falar sobre eles, não quer dizer que não os tenham? Curioso? Vou partilhar consigo aquilo que este departamento de psicologia investigou.

Começamos por ver um bebé de 5 meses (incapaz de saber o que é certo e o errado) a assistir a uma peça de teatro com bonecos. Onde um boneco tenta abrir uma caixa, entretanto vem um cãozinho de t-shirt branca e ajuda-o a abrir a caixa. A cena repete-se, mas desta vez quem vem é o cãozinho de t-shirt azul que, ao invés de ajudar, põe-se em cima da caixa, impedindo que esta seja aberta pelo boneco. Num 2.º momento mostravam-se os cãezinhos (o bom e o mau) ao bebé e percebemos que ¾ dos bebés escolhiam o cão bom – aquele que tinha ajudado o boneco a abrir a caixa! Mesmo em bebés mais pequenos e incapazes de permancer numa postura direita, os investigadores conseguiram medir um tempo mais longo de visualização para o cão bom – aquele que ajudava o boneco a abrir a caixa!

De igual modo, os bebés também demonstram preferência pelo cão que não ajuda o boneco que não partilha uma bola, numa espécie de castigo por não ter partilhado o seu brinquedo. Nascerão os bebés com princípios elementares de justiça?

Numa outra experiência percebemos que os bebés demonstram preferência pelo cão que come os mesmos cereais que eles e inclusivamente não se importam que o cão que não gosta dos mesmos cereais não seja ajudado a abrir uma caixa!

Em crianças mais velhas (3-6 anos), vemos que o espírito de partilha é menos notório quando escolhem um lado do tabuleiro que lhes dá peças a elas, mas não deixa qualquer peça para um adversário! A criança prefere garantir-se a si com as peças não tendo em conta que o outro ficará sem peças. A partir dos 8 anos as crianças vão-se tornando mais justas, escolhendo o lado do tabuleiro que dá peças em igual quantidade para ambos os lados. Mas a partir dos 9-10 anos começam a fazer algo verdadeiramente surpreendente, escolhem o lado do tabuleiro que confere mais peças para o adversário do que para eles próprios!

Vera Lisa Barroso
Vera Lisa BarrosoPsicóloga Clínica
2017-03-15T16:04:04+00:0012 de Junho, 2014|
Go to Top