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Autor: Rita Castanheira Alves

Frequentemente as crianças não chucham na chucha, chucham no dedo, ou depois de largarem a chucha, chucham no dedo ou às vezes chucham na chucha e no dedo.

Os pais preocupam-se, receiam que os dentes fiquem tortos, que não deixe de chuchar no dedo, que o faça em todo o lado, que não consiga deixar de o fazer…

Chuchar como explicado no artigo que publicámos no mês passado sobre chuchas, cumpre uma função no desenvolvimento da criança, é em certo momento uma necessidade. Funciona como uma consolação para a criança.

Ao contrário do que pode pensar, mãe, pai, é, no momento oportuno e numa fase do desenvolvimento, um passo na independência e no crescimento do seu pequeno. Ele encontrou uma forma de se auto-reconfortar, de se consolar, de conseguir regular-se quando está mais ansioso, receoso, sem ter sempre de recorrer ao adulto.

Geralmente chuchar no dedo surge quando a criança mais precisa de consolação, quando está cansada, mais aborrecida, triste ou receosa ou até quando tenta acalmar-se para adormecer e isto não é necessariamente sinal de algum problema emocional.

Acredito que apesar de tudo o que aqui lhe contamos, continue a recear que o hábito não passe, que não seja só uma fase do desenvolvimento e que se mantenha como um vício. Descanse. Geralmente esse hábito é perdido antes de aparecer a segunda dentição do seu filho. No entanto, não se admire se após um período de tempo sem chuchar, volte a chuchar, se calhar com menos intensidade e frequência, em alturas de maior fragilidade e mudanças significativas, como uma doença ou a entrada para a escola, por exemplo. Esse não é um bom momento para insistir com o seu filho para deixar de chuchar, é uma fase em que precisa de conforto e de encontrar estratégias para se sentir mais forte e capaz de enfrentar as dificuldades e os novos desafios.

Geralmente entre os 3 e os 6 anos, as crianças deixam o hábito de chuchar no dedo. Novamente, acredito que alguns dos pais leitores estejam apreensivos porque os filhos já têm mais de 6 anos e ainda não deixaram de chuchar no dedo. Para si, ficam algumas dicas que poderão ajudá-lo:

  • Em primeiro lugar e como em qualquer processo do crescimento da criança, não crie tensão, transmita tranquillidade, tempo, serenidade e companheirismo;
  • A criança é a principal protagonista, deve por isso ser activa e participar no processo;
  • Não coloque toda a tónica no dedo na boca. Procure não insistir constantemente em que tire o dedo da boca. Em alternativa, proponha-lhe que lhe mostre o sorriso ou que quando fale tire o dedo da boca, para que perceba claramente o que diz;
  • Quando ele está sozinho, por exemplo, quando vai adormecer, ou está aborrecido, respeite a forma que encontrou para se consolar e se organizar, deixando que chuche no dedo;
  • Não associe comentários negativos nem atribua demasiado importância ao comportamento. De forma adulta e sem atribuir demasiada gravidade, transmita-lhe a mensagem que com o tempo ele próprio vai conseguir deixar de chuchar no dedo e encontrar outras formas de se sentir confortado, quando está mais triste, nervoso ou quer acalmar-se;
  • Seja um companheiro do seu filho na perda desse hábito, encorajando-o de forma tranquila, sem o pressionar demasiado, mas sendo um companheiro que o respeita, que acredita que com o tempo ele deixará esse hábito e que está com ele para o ajudar, quando ele decidir;
  • Envolva-se com ele em actividades que envolvam as duas mãos e em que ele possa ter prazer e ser bem sucedido;
  • Sempre que note avanços elogie-o por isso e eventualmente recompense-o (prefira sempre as recompensas sociais, como actividades em vez das materiais);

 

Se for o seu filho a querer que o ajude a deixar de chuchar no dedo por já ser crescido ou por qualquer outra razão pode estabelecer com ele algumas estratégias:

  • Encontrem em conjunto um limite até ao qual conseguirá deixar a chucha;
  • Se já for muito crescido e já tiver a segunda dentição poderá explicar-lhe as consequências para a dentição;
  • Estabeleça com ele um sinal só vosso que poderá usar para o relembrar de tirar o dedo da boca, estabelecendo contacto visual com ele ou poderão colocar um sinal no dedo que costuma chuchar, como uma fita ou adesivo colorido, como um alerta sempre que leva o dedo à boca;
  • Elogie sempre o seu filho e todos os dias relembre com ele o tempo que conseguiu estar sem chuchar no dedo ou as vezes que conseguiu lembrar-se de tirar o dedo da boca;
  • O plano para deixar de chuchar é um plano só vosso que não deve ser partilhado com mais ninguém, a não ser que o seu filho queira.

 

Se verificar que chucha no dedo de forma contínua, sem parar e em diversos contextos pode tratar-se de dificuldades mais sérias de adaptação, um nível de insegurança demasiado elevado ou medos com os quais está a ter muita dificuldade em lidar. Nestes casos e se sentir o seu filho muito ansioso, triste ou com outro tipo de sinais emocionais que considere atípicos nele, é importante procurar ajuda de um profissional .

Seja o companheiro do seu filho criando com ele o desafio para deixar de chuchar no dedo, acompanhando-o, respeitando os seus tempos, sendo o primeiro a acreditar que ele vai ser o vencedor!