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Autor: Francisco Gonçalves Ferreira

Às vezes os pais sentem-se a anos-luz dos seus filhos adolescentes. Há dias um pai confessava-me que, “para quem é suposto ser uma pessoa de referência, é assustador não fazer a mínima ideia do que vai na cabeça de um filho!”.

A distância habita muitas vezes nas relações entre pais e filhos, e nem sempre isso quer dizer que a família esteja a desmoronar. É necessário nós sermos também aprendizes da distância enquanto capacidade para nos sentirmos confiantes nos momentos em que os outros não estão lá para nos reconfortar.

Mas há um sentimento de vazio, por vezes quase pânico, quando não conseguimos compreender alguém num momento em que sentimos que esse alguém precisa de ajuda.

Se sente o seu filho/filha adolescente inalcançável e quer perceber melhor de que forma pode ganhar proximidade, eis algumas pistas que costumamos dar aos pais nas sessões de terapia familiar:

– Recorde-se dos seus tempos de adolescente (embora a faixa seja alargada, experimente focar-se no período entre os 13 e os 18 anos). Tente responder às seguintes questões:

– Qual foi a pior coisa que fez?

–  Algum dos seus pais chegou a saber?

–  Se não, quais foram os riscos que sentiu de lhes contar o que fez, e o que ganhou não lhes contando? E o que perdeu?

–  Se sim, qual foi a reação deles?

– Quem foi mais duro, o pai ou a mãe?

– Se foram duros, tiveram razão em zangar-se ou exageraram?

–  Fez de propósito para os aborrecer?

– Qual foi/seria a coisa mais irritante que os seus pais lhe disseram/podiam ter dito?

– De que forma isso se relaciona com o que o seu filho/filha considera ser mais irritante em si como pai/mãe?

–  Quais são os gostos ou amigos do seu filho/filha com os quais se identifica mais hoje, como adulto?

– E com quais se identificaria mais se fosse hoje adolescente?

– Avalie as suas respostas:

– O seu filho/filha adolescente parece-lhe agora um pouco mais perto?

–  Consegue compreendê-lo agora um pouco melhor?

– Comece a falar com o seu filho/filha acerca do que vocês têm em comum, deixando de lado as tentativas de compreensão das diferenças.