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CoraçõesAs doenças do coração têm ganho especial destaque junto das mulheres. Muitos são os especialistas que afirmam que os factores de risco emocionais assumiram maior relevo no universo feminino, sobretudo com a maior prevalência no mundo do trabalho – ingrediente que pode juntar-se à maternidade ou a tarefas inerentes à condição feminina, criando uma receita que o coração rejeita.

São muitas as exigências! São muitos os pedidos! São muitos os sonhos! São muitas as direcções!

As emoções negativas (com impacto negativo) provocam uma reacção fisiológica, como, por exemplo, o aumento da pressão arterial e dos níveis de corticóides. Tudo porque aumentam as hormonas no sangue que podem afectar o coração e os vasos sanguíneos (epifrenia, noradrenalina, adrenalina, que aceleram o coração aumentando a pressão sanguínea). Este processo é mais significativo nas mulheres com uma personalidade mais competitiva, mais dedicadas ao trabalho, à família (com uma dedicação excessiva), sendo mais propensas a enfartes.

O ritmo de vida acelerado não permite muitas vezes o reconhecimento das dores nem a tomada de consciência dos próprios aspectos emocionais e do seu comportamento. Muitas mulheres não consideram que as doenças cardiovasculares são um problema que também afecta o seu género, associam-nas apenas a questões do foro masculino, desinteressando-se pelo tema.

Cada vez mais, escutar o coração não é apenas uma questão ligada aos sentimentos mas também uma questão de saúde física, porque a nossa saúde depende igualmente da nossa forma de estar na vida e das nossas emoções. Muitos são os que referem que um dos factores que mais contribui para as doenças do coração é a ira, especialmente em pessoas que explodem com facilidade ou que estão permanentemente stressadas. A ira provoca uma descarga de adrenalina e cortisol que afecta directamente parte do sistema arterial.

Como pode a psicoterapia ajudar? Uma das ferramentas mais importantes é a pessoa reconhecer o problema e a origem do mesmo. É necessário que compreenda também a necessidade de mudança de comportamentos para que na prática sinta que o seu esforço está a ter resultados. Reconhecer os seus problemas é ganhar uma nova perspectiva sobre os mesmos – e o primeiro passo para a redução de stress e ansiedade. Muitas são as técnicas que podem influenciar esta mudança de comportamento – a prática de mindfulness, técnicas de respiração e relaxamento, trabalho com as emoções, etc. Escutar música, por exemplo: significa parar, dar-se tempo, imprimir um ritmo calmo ao coração!

A si, que é mulher, proponho que oiça “She” de Elvis Costello:

She
May be the face I can’t forget.
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay.
She maybe the song that summer sings.
May be the chill that autumn brings.
May be a hundred different things
Within the measure of a day.

Conte connosco!

Marisa Gamboa – Psicóloga Clínica