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Autor: Lúcia Bragança Paulino

O parto não é um momento fácil, vem sim carregado de variadas fantasias criadas à volta da separação vivida, e da dor sentida.

A Organização Mundial de Saúde recomenda uma série de pontos que serão fundamentais para o conhecimento do casal grávido mas em especial da grávida. Estes pontos serão tão mais úteis quanto mais divulgados pela comunidade no sentindo de informar as decisões que podem e devem ser tomadas num momento tão crítico para o desenvolvimento da primeira relação humana.

Estas 16 recomendações são baseadas no princípio de que cada mulher tem o direito fundamental de receber os cuidados pré-natais adequados; de que a mulher desempenha um papel central em todos os aspetos deste cuidado, incluindo a participação no planeamento, atuação e avaliação dos cuidados recebidos, e que os fatores sociais, psicológicos e emocionais são decisivos na compreensão e implementação de uma adequada atenção pré-natal.

1.       Toda a comunidade deve ser informada sobre os vários procedimentos envolvidos nos cuidados com o parto, capacitando cada mulher a escolher o tipo de parto que preferir.

2.       O treino de parteiras e assistentes de parto deve ser promovido. Os cuidados durante a gravidez, o parto e o puerpério normais devem ser as obrigações destes profissionais.

3.       A população servida pelos hospitais deve ser informada sobre as práticas obstétricas lá realizadas (índices de cesariana, etc.)

4.       Não existe justificação para índices de cesariana superiores a 10-15% em qualquer região específica do mundo.

5.       Não existe evidência de que uma cesariana seja necessária após uma prévia cesariana com incisão transversa baixa. Partos vaginais após cesarianas devem ser encorajados, onde quer que exista a possibilidade de ser realizada uma emergência cirúrgica.

6.       Não existe nenhuma evidência de que a monitorização fetal de rotina durante o trabalho de parto tenha algum efeito positivo no sucesso da gravidez.

7.       Não existe nenhuma indicação para raspagem de pelos púbicos pré-parto.

8.       As grávidas não devem ser colocadas em posição de litotomia (deitadas de costas com pernas apoiadas em perneiras) durante o trabalho de parto ou parto. Devem sim ser encorajadas a caminhar durante o trabalho, e cada mulher deve livremente decidir qual a posição a adotar durante o nascimento do seu bebé.

9.       O uso sistemático de episiotomia não é justificado.

10.   O parto não deve ser induzido por conveniência, e a indução do trabalho de parto deve ser reservada para indicações específicas. Nenhuma região geográfica do mundo deve ter índices de indução de trabalho de parto superiores a 10%.

11.   Durante o trabalho de parto, a administração rotineira de drogas analgésicas ou anestésicas (que não sejam especificamente requeridas para corrigir ou evitar uma complicação no parto) deve ser evitada.

12.   Rutura artificial precoce das membranas, como processo de rotina, não é cientificamente justificada.

13.   O recém-nascido saudável deve permanecer com a mãe, desde que as condições de ambos permitam. Nenhum processo de observação do recém-nascido saudável justifica uma separação da mãe.

14.   O imediato início da amamentação ao seio deve ser promovido, mesmo antes da saída da sala de parto.

15.   Centros obstétricos que assumem uma posição crítica em relação à tecnologia e que tomam uma atitude de respeito pelos aspetos emocionais, psicológicos e sociais do parto, devem ser identificados. Tais serviços devem ser encorajados, e o processo que os levou a tal posição deve ser estudado para que possam ser usados como modelos para posteriores atitudes similares noutros centros e para influenciar a postura obstétrica nacional.

16.   Os governantes devem considerar uma regulamentação para permitir o uso de novas tecnologias de parto apenas após adequada avaliação.