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Estar feliz, encontrar uma paz interior, estar agradecido e próximo das pessoas da nossa vida parece ser o grande mote destes dias.
Estamos em época de Festas e com elas toda a pressão associada a esta quadra natalícia!
Há quem diga que é a sua época preferida do ano, há quem encontre aqui o espaço para recarregar baterias, há quem sinta imenso entusiasmo pelo que se avizinha, porém, há também quem identifique esta época como uma das mais difíceis, onde a alegria dá lugar à tristeza e onde o coração cheio dá lugar a sentimentos de vazio e solidão.

Bem sei que parece paradoxal e que deveria ser mais fácil sentirmo-nos bem nesta época, mas o sentir bem não vem quando queremos … e as depressões no Natal são uma realidade
A verdade é que a depressão não tem necessariamente que ter início nesta época e falamos de sentimentos de desânimo que já se arrastam há algum tempo e que são exacerbados com a chegada do Natal. Como se o que era pouco visível, se tornasse cada vez mais evidente.

Vejamos o que acontece e que pensamentos dominam a nossa mente quando estamos deprimidos:

  • EU: pensamentos negativos sobre nós mesmos, como se tudo estivesse errado connosco
  • FUTURO: olhamos o futuro sem grandes expectativas ou esperança; antecipamos que tudo vai correr mal
  • MUNDO: tudo o que está à nossa volta é desanimador; nada parece positivo e temos uma constante sensação de fracasso e vazio

 

No fundo, quando estamos deprimidos existe quase uma tríade de coisas negativas: Eu, os outros e o futuro. À medida qua a depressão se vai instalando, tudo à nossa volta ganha tonalidades de cinza cada vez mais escuro e por vezes preto. Por um lado, criamos uma perceção muito mais negativa de nós e é muito mais provável que nos encontremos defeitos dando lugar a sentimentos de inferioridade em relação aos outros, por outro lado, o próprio mundo à nossa volta parece negativo, sentimo-nos sem grande poder para alterar as coisas levando a que esperemos que o futuro também seja negativo, onde tudo o que é mau virá ter connosco.

Quando as festas chegam…

Quando entramos no período de festas, tudo à nossa volta parece descontextualizado em relação a este modo de pensar e sentir as coisas. Os sentimentos de festa, alegria, a proximidade aos outros e expetativa pelo novo ano exercem demasiada pressão e é muito fácil colapsarmos na instável realidade em que nos encontramos. Facilmente vamos comparar o nosso estado com os outros e vemo-nos desanimados, sem energia, diferentes e sem valor, como se não pertencêssemos ali. Em relação ao mundo à nossa volta, a falta de energia parece não nos permitir fazer as coisas como gostaríamos e há maior sensação de fracasso e de acontecimentos negativos. E finalmente, quando pensamos o futuro, não sentimos nada de novo; como se tudo fosse continuar como está neste momento e não fizesse sentido chamar novo ano ao que se avizinha.
Somos nós diferentes do “mundo”? Somos nós diferentes quando quase tudo à nossa volta sugere que devemos estar uns com os outros? Que devemos entrar no espírito?  Que devemos sentir proximidade dos outros? Que devemos estar felizes? E todos esperam isso de nós, inclusive nós mesmos, quando tudo isto é o que não sentimos neste momento. É como se não nos encaixássemos nesta imagem, tudo está pintalgado com vermelhos, verdes e dourados e nós sentimos em tons de cinza…

O que acontece em seguida é que:

  • Tentamos não mostrar o que sentimos e vamos para onde é esperado estar, tentando fingir que está tudo bem. O resultado é que o nosso sofrimento aumenta e a sensação de incompreensão pelos outros também.
  • Tentamos estar com os outros, mas damos por nós irritados a discutir mais vezes que o habitual ou abatidos, sem vontade de falar com quem quer que seja e desejar que tudo termine para regressar a casa. Mais uma vez o sofrimento aumenta.
  • Evitamos estar com os outros, fechamo-nos em casa no conforto da nossa solidão e tentamos ignorar que lá fora é Natal. O sofrimento não diminui, mas pode aumentar a sensação de que estamos errados e longe dos outros.

A questão é que por mais que tentemos, vai existir sempre um 25 de Dezembro que nos foi ensinado que era dia de Natal e uma meia-noite de dia 31 em que é suposto estarmos numa feliz antecipação do ano que aí vem, e a nossa cabeça espera sempre que esses dias sejam diferentes dos outros, porém, por mais que queiramos não conseguimos afastar a nossa tríade de pensamentos negativos e nesta altura tudo soma para o aumento da nossa depressão.
Para lidar com esta depressão é essencial perceber o seu início, compreender o que a causou e trabalhar uma forma de resolver o que ficou estagnado.

Lembre-se que nunca é tarde para procurar ajuda!

E, entretanto, veja aqui algumas dicas para começar já hoje a afastar as nuvens da depressão que se avolumaram.

 

Autora: Inês Custódio