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Autor: Maria João Matos

Já deu por si várias vezes a dizer “sim” aos seus filhos quando queria dizer “não”? A evitar um “não” pela manhã para que o dia não comece da pior forma? A sentir-se mal porque queria dizer “não”, e o seu filho, pela persistência, conseguiu que mudasse de ideia e levou um “sim”?

São situações que acontecem em várias famílias com filhos. Apesar de sabermos que é necessário dizer “não”, existe a ideia de que devemos dizer “sim” sempre que possível. Fomos educados para não dizer a palavra “não”, mas todos os pais sabem que não é benéfico para os filhos dizerem sempre “sim”.

Ao dizer “não”, está a ajudar os filhos a lidar com as frustrações e a perceberem que existem respostas alternativas, tornando-os mais seguros e a saberem lidar com um “não”. É importante que aprendam que todas as atitudes têm consequências e que não é possível fazer tudo o que querem ou desejam. Evitar um “não”, seja pelo cansaço, pela falta de tempo, pode tornar-se uma resposta com consequências negativas para o bem-estar dos seus filhos. Ao dizer “não” a um filho ajuda-o a perceber que por vezes os desejos ou as expetativas não são possíveis de se concretizar e, ao fazê-lo, está a ajudar a que se torne uma criança mais criativa para alcançar as suas satisfações e a perceber que é possível ouvir “não”. Até porque ao longo do seu crescimento vai certamente deparar-se com alguns “nãos” e, assim, sentir-se-á mais capaz de lidar com essas situações. Dar uma resposta negativa a um filho não tem de significar que está a rejeitá-lo ou que não gosta dele, pode antes demonstrar força e convicção nas capacidades dele.

Dizer “não” e “sim” é crucial no dia a dia. É importante que tome as suas decisões e que se sinta confortável, consequentemente, assim o será com os seus filhos. Muitas vezes, os pais procuram soluções já conhecidas para os problemas que os incomodam e, se possível, que estejam à mão, prontas a utilizar. Recorrem aos mesmos argumentos, utilizam as mesmas estratégias e, apesar de se sentirem cansados, ficam com a sensação de que estão no ponto de partida.

Comece por refletir sobre o seu comportamento, o do seu filho e o impacto que têm na sua família. Questione o tipo de respostas que pretende dar, converse com o seu parceiro/a sobre estas dificuldades e encontrem sintonia nas respostas positivas e negativas. De seguida, introduzam algumas mudanças graduais nas rotinas que pretendem implementar, de preferência quando estão os dois presentes e em alturas de menor stress familiar. Preparem-se para as eventuais dificuldades que possam surgir, com os primeiros “nãos” e, enquanto casal, tentem não desistir, pois o papel dos filhos é sem dúvida testar se os pais estão seguros do que dizem e fazem.

Não existe uma única solução para todos os problemas que surgem no dia a dia com os filhos, mas o mais importante é que, enquanto pais, encontrem os vossos próprios meios, recursos e estejam recetivos à mudança.