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Autor: Rita Castanheira Alves

A exposição à violência tem efeitos a curto-prazo sabidos relacionados com agressão, depressão, stress pós-traumático e dificuldades cognitivas e académicas. Pouco se sabe sobre os efeitos a longo-prazo de tal exposição.

Elizabeth Susman, Jean Philips Shibley e Penn State, professor de saúde biocomportamental levaram a cabo um estudo publicado no Journal of Adolescent Health, que mostra que a reacção de stress à exposição à violência não é somente imediata, o efeito perdura.

O estudo contou com a participação de 124 adolescentes, com idades entre os 8 e os 13 anos residentes em pequenas cidades e comunidades rurais. Estas crianças não tinham história de maus-tratos.

A cada adolescente foi entregue um questionário, para identificarem ao longo da sua vida e nos últimos 12 meses a sua exposição à violência. Seguidamente foi dado aos adolescentes o início de uma história e foi pedido que completassem à frente de dois juízes, tendo sido dito aos jovens que as suas respostas e desempenhos seriam comparados mais tarde com os de outras crianças da sua idade. Após a tarefa de completamento da história, era dada aos adolescentes uma tarefa de séries de subtracção.

Segundo Melissa Peckins, estudante graduada de saúde biocomportamental, a tarefa de aritmética e de completamento da história são frequentemente usadas para despoletar uma resposta de stress em situações de investigação/laboratório. Peckins disse “ a nossa hipótese foi que as crianças que foram expostas a acontecimentos mais violentos no último ano terão uma resposta mais ténue ao stressor laboratorial, mesmo 12 meses após o incidente, comparando com crianças que experienciaram menos acontecimentos violentos.”

A equipa mediu as respostas de stress das crianças comparando os níveis de cortisol presentes em amostras da sua saliva recolhidas antes e depois do teste de stress ter sido aplicado.

Concluíram que nos rapazes, quando a exposição à violência aumenta, a reactividade do cortisol diminui, por isso a reactividade do cortisol foi atenuada, o que significa um efeito de habituação. Estes resultados não se verificaram no caso das raparigas.

Como conclusão do estudo, Susman disse “perante condições stressantes, devemos ter-nos adaptado em termos evolutivos a suprimir os nossos níveis de cortisol, uma vez que níveis demasiado elevados e prolongados na corrente sanguínea podem levar a consequências negativas para a saúde, como peturbações de auto-imunidade, diminuição da imunidade, artrite e depressão atípica, o que pode explicar que a reactividade tenha sido mais baixa nos rapazes. No entanto, há uma teoria que diz que as mulheres  como forma de reagir a situações de stress falam sobre as próprias situações, o que pode ser uma forma de reduzir os efeitos negativos do cortisol na corrente sanguínea” Assim, segundo esta investigadora do estudo, se os pais e outros adultos estiverem disponíveis para debater e conversar sobre episódios de violência com as crianças, poderão ajudá-las, a reduzir os seus níveis de cortisol, especialmente nas raparigas.