Tempo de Leitura: 3 min

Inês CustódioMedo todos temos! Por vezes sentimo-nos mais ansiosos com ele, outras vezes menos. Porém, todos nós recordamos momentos em que sentimos medo, em que queremos escapar de uma situação ou que não conseguimos agir com naturalidade.

Até aqui tudo normal, mas o problema surge quando este medo persiste em não nos quer deixar… quando não diz respeito apenas a uma situação, mas a vários contextos do nosso dia-a-dia e nos está a impedir de fazer muitas coisas que queremos.

 

Aqui ficam alguns exemplos mais comuns:

  • Medo de conduzir
  • Medo de falar em público
  • Medo de alturas
  • Medo da água
  • Medo de sítios fechados
  • Medo que algo aconteça ao meu filho/a
  • Medo de viajar
  • Medo do escuro

Ao olharmos para a nossa história de vida facilmente iremos perceber o momento em que este medo se instalou. Por vezes há um acontecimento determinante, que sentimos como muito perigoso e que vai determinar a forma como vivemos aquela situação e outras semelhantes. Por exemplo: Em criança fui mordido pelo cão da minha avó, foi horrível, muito assustador! Ainda hoje tenho medo sempre que ouço um cão ladrar. Outras vezes, o medo vai-se instalando devagarinho através do que nos dizem e da forma como o vivemos e mesmo sem nunca termos estado numa situação semelhante, podemos ter medo dela. Por exemplo: Nunca me aconteceu nada de especial na praia, porque eu sempre evitei entrar no mar. A minha mãe dizia sempre para eu ter muito cuidado, para não sair da beirinha e contava-me a história de um menino da minha idade que se afogou no mar.

 

O que acontece é que muitos destes medos não correspondem inteiramente à realidade. O nosso cérebro tende a codificar esta informação como perigosa, logo como algo de que nos devemos afastar. Nesta situação assistimos a duas formas de processamento da informação mais habituais:

Generalizar: Um único medo começa a ser estendido a situações semelhantes, mesmo que estas nunca se tenham revelado perigosas. Por exemplo: Ao ser mordida por um cão em criança posso desenvolver um medo por todos os animais com pelo, pois só o facto de estar em contacto com eles me lembra aquela situação e me deixa ansiosa.

Catastrofizar: Isto acontece quando o nosso cérebro aumenta o perigo real, criando um possível desfecho para a situação, que habitualmente é muito negativo e catastrófico. Por exemplo, se conduzir na cidade vou ficar nervosa, vou deixá-lo ir a baixo, já não vou conseguir arrancar, vou ficar parada no meio do trânsito se conseguir fazer nada.

Estas formas de processamento da informação, tornam-se cada vez mais salientes na nossa mente e damos muita importância a este tipo de pensamentos. Porém, como poderá perceber, nem sempre é assim e muitas vezes temos de desconfiar do nosso medo e enfrentá-lo.

Porquê enfrentar o medo?

  1. Porque o medo se torna invalidante. O medo protege-nos de vários perigos, mas até um certo ponto. Quando ele começa a limitar vários passos da nossa vida e nos leva a evitar muitas situações que gostaríamos de ultrapassar, tornamo-nos obedientes ao medo e não à nossa vontade. Mas, quem está em controlo da sua vida, você ou o medo?
  2. Porque o medo pode não ser real. O que nos garante que muitas vezes aquilo que tememos vai acontecer? Muitas vezes nada nos garante, mas o nosso pensamento faz-nos crer que o que tememos vai mesmo acontecer. Quer desafiar a sua cabeça e experimentar?
  3. Porque quanto mais fugimos e evitamos, mais o medo aumenta. Em última análise, não enfrentar o nosso medo deixa muita margem à nossa cabeça para fantasiar sobre possíveis perigos e desfechos para a situação. É como se disséssemos à nossa mente que é o facto de eu não enfrentar a situação que me tem protegido, pois de outra forma, seria horrível, apesar de não o sabermos. Seja detetive da sua vida, teste o medo!

Tome controlo da sua vida!

Questione o seu medo, antes que ele não lhe dê espaço para viver.