Tempo de Leitura: 2 min
Gustavo Pedrosa

Gustavo Pedrosa

Iniciar um processo de terapia de casal cria uma exigência em diversos eixos. Se todos esses eixos tomarem uma direção, o sucesso é muito mais fácil de atingir.

Na terapia existe um processo de mudança, que cria uma exigência ao cliente mas também ao terapeuta, pois ao processo terapêutico são exigidos diversos resultados. Na terapia de casal, a exigência aos participantes é ainda maior. Exige-se que se mude o próprio casal (neste caso, a relação), mas também os cônjuges. Assim, espera-se que se altere o outro, mas também o próprio. Tal como a exigência do terapeuta é a dobrar, pois são duas expectativas que estão em jogo.

Em qualquer processo terapêutico, seja individual ou conjugal, a mudança é sempre complicada e difícil. Frequentemente o casal exige resultados ao terapeuta sem tentar fazer qualquer mudança aos seus comportamentos, comunicação ou rotinas. Também frequentemente o cônjuge exige a mudança do outro, sem que o próprio identifique razões para alterar seja o que for. Nestes casos, em geral um dos cônjuges inicia o processo de terapia apenas por pressão do outro ou na esperança de que o terapeuta mencione que tudo está bem e que a relação é natural ou normal. Quando começa a haver a necessidade de mudança, estas pessoas poderão rejeitar o processo ou criar dificuldades em todos os exercícios propostos. Nesta situação, a terapia de casal não pode continuar e o processo termina.

Por vezes, em sessão, somos surpreendidos por cônjuges que, à partida, não estavam muito motivados, mas que depois de explicado todo o processo que leva à maioria das dificuldades no casal, revelam-se prontos a mudar o seu comportamento ou comunicação. Anteriormente não o faziam apenas porque não identificavam as situações como estando na base dos problemas. A motivação “assimétrica” é comum, da mesma forma que a facilidade de mudança pode ser muito díspar, o que pode levar a algum mal-estar por parte da pessoa menos motivada ou menos “capaz” da mudança. Mas, como se diz, cada pessoa é única e, como tal, cada casal é único. Não devemos deixar que o processo terapêutico termine ou se interrompa porque existem mais dificuldades de um dos cônjuges em proceder à mudança na relação. Todas as alterações são importantes, mesmo as mais pequenas.

Para o processo terapêutico, a identificação dos erros e a vontade de mudar é deveras importante, ao invés de “apontar o dedo” aos outros. O esforço de mudança deve fazer parte do processo e, por poucos resultados que traga, requer um envolvimento e um reconhecimento dos problemas muito importante. Já a responsabilização do cônjuge pelos problemas ou até a exigência ao terapeuta que opere mudanças na relação geralmente resultam em processos com resultados muito pobres.