Tempo de Leitura: 2 min

fobias-e-emdr
A fobia é definida geralmente como uma reacção de medo persistente e desproporcionada em relação a um objecto ou situação que representa perigo ou ameaça, viver com uma fobia não é “pêra doce” e apesar de algumas serem muitas vezes utilizadas de uma forma humorística, como o caso da Coulrofobia ou a fobia a palhaços, tendemos a esquecermo-nos como pode ser incapacitante viver com uma fobia. Felizmente, cada vez mais “novas e velhas” terapias organizam processos que permitem minimizar medos diversos – por exemplo, o EMDR tem uma estrutura própria de aplicação em situações fóbicas.

 

Fobias e EMDR

De acordo com Shapiro (1955 cit. por Jongh, Broeke & Renssen, 1999) é importante diferenciar entre dois tipos específicos de fobias: as fobias simples e as fobias de processo. As fobias simples são definidas como medos de objectos e situações que são despertas quando a pessoa se defronta com elas; um exemplo é o comum medo de aranhas. O medo é geralmente desencadeado por uma série de circunstâncias não planeadas, independentemente do comportamento do indivíduo. As fobias de processo são definidas como medos excessivos de situações ou procedimentos onde a pessoa participa activamente: a fobia de voar e as fobias ligadas a questões médicas, são dois exemplos. Nestes casos, a pessoa tem de actuar de forma activa para ser exposto ao estímulo fóbico.

Têm vindo a ser partilhados resultados de casos que corroboram a eficácia do EMDR no tratamento de fobias. Num estudo de Kleinknecht (1993 cit. por Jongh, Broeke & Renssen, 1999) o EMDR foi um tratamento eficaz numa jovem de 16 anos com história de fobia a sangue a injecções. Depois de 4 sessões breves, conseguiu doar sangue.

Num caso reportado por Jongh & Broeke (1994, cit. por Jongh, Broeke & Renssen, 1999) com uma senhora que experienciava ansiedade perante a possibilidade de vomitar (como por exemplo, andar de barco; engravidar; ir jantar com alguém), verificou-se que apenas após 1 sessão, a sua ansiedade se dissipou e os sintomas não regressaram.

No caso de um homem que desenvolveu uma fobia ao dentista, após a extracção extremamente dolorosa de um dente, e que evitou qualquer tratamento dentário durante 12 anos, verificou-se após 1 sessão de EMDR uma grande redução do seu medo, e a visita seguinte ao dentista decorreu com níveis de ansiedade aceitáveis para a situação (Jongh, Broeke, & Van der Meer, 1995, cit. por Jongh, Broeke & Renssen, 1999).

Outro caso é o de uma senhora também com fobia ao dentista, que evitou as idas ao dentista durante 30 anos, tendo como base uma ida ao dentista quando tinha 8 anos, em que este a prendeu com toalhas à cadeira, para que ela não se mexesse durante o procedimento. Mais tarde, também desenvolveu perturbação de pânico. Após 1 sessão de EMDR conseguiu sentir-se confiante o suficiente para ir as compras, e após uma segunda sessão de EMDR, conseguiu ir ao dentista. Num follow-up de 2 anos, continuava livre de ataques de pânico e tinha completado o seu tratamento dentário (Jongh & Broeke, 1996, cit. por Jongh, Broeke & Renssen, 1999).

Os estudos sobre a aplicabilidade do EMDR em casos de fobias específicas, demonstram assim que este tratamento pode produzir resultados significativos, nalgumas situações, inclusivamente, num reduzido número de sessões.

 

Referência: Jongh, A., Broeke, E.T., & Renssen, M.R. (1999). Treatment of Specific Phobias with Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR): Protocol, Empirical Status, and Conceptual Issues. [Electronic version]. Journal of Anxiety. 13(1-2), pp 69-85.