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Autor: Inês Mota

Tenho-me deparado com casais, em que pelo menos um dos seus elementos tem a convicção que a raiz dos seus problemas se prende com o facto de se serem diferentes e de não praticarem por exemplo os mesmos hobbies, mantendo assim a crença de que se os interesses fossem os mesmos poderiam realizar mais atividades juntos, o que aumentaria a satisfação conjugal.

Se é verdade que uma determinada atividade partilhada pode ser muito satisfatória não é verdade que o seja sempre e muito menos para todos os casais. Um casal pode partilhar um interesse por uma mesma atividade, mas a satisfação para com a mesma dependerá da forma como interage quando explora essa atividade. Um casal pode desfrutar de um hobbie se o realiza com interesse, partilha, interação positiva, humor e descontração, mas se o realiza de uma forma onde prevalece a crítica, a ironia, a exigência e desvalorização, o resultado não poderá ser muito satisfatório.

Assim, muitas vezes, um dos membros do casal ou mesmo ambos, permanecem muitas vezes e muito tempo com o plano secreto de “converter” o outro à sua “religião”, plano alimentado pela idealização de: “como seria divertido andarmos juntos de bicicleta aos domingos” ou como seria fantástico “fazermos juntos danças de salão”.

Ora se é verdade que partilhando uma atividade o casal pode estar a enriquecer a sintonia e conexão, é verdade também que é contraproducente que tente forçar a todo o custo esta atividade, até porque existem outras formas de contribuir para o sentimento de partilha.

Alguns casais formam-se sem tempo ou oportunidade para conhecerem de uma forma experiencial o mundo ou vivências significativas um do outro e é por isso natural que tentem reproduzir o seu ideal de relação, insistindo em que o outro “encaixe” nesse formato idealizado.

Perceba se está realmente a conseguir ver e perceber o seu parceiro, para se conectar com ele/ela de forma íntima. Percorra a seguinte lista de questões e procure responder de forma honesta:

–  “Sei quais são os desportos favoritos do meu/minha parceiro/a, e o que ele/ela gosta nessa atividade?”;

– “Sei quais as atividades que melhor permitem ao meu/minha parceiro/a descontrair ou relaxar”;

– “Sei quais são os livros e filmes preferidos do meu parceiro e o que gostou neles”;

“Sei quais as atividades com as quais o meu/minha parceiro/a mais se diverte.”

Esta é apenas uma breve lista de questões centradas numa área muito específica, mas o intuito deste exercício é que consiga perceber se está realmente conectado/a com o seu/sua parceiro/a.

A terapia de casal pode-se constituir como possibilidade de o casal ampliar o conhecimento ou a forma de conhecer um do outro, noutras áreas significativas do casal

Desta forma gostando ou não ambos os membros do casal de praticar os mesmos hobbies e de os praticar ou não simultaneamente, o importante será a forma como conseguem saber e compreender o que realiza o outro, e a forma como o realiza. Desta forma, os interesses significativos serão sempre partilhados, enriquecendo-se a sensação de conexão e de intimidade.