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Cecília Santos

Cecília Santos

Todas as crianças, em algum momento da sua vida, experienciam alguma ansiedade ou medo quando se separaram dos pais. Esta ansiedade de separação pode funcionar como mecanismo de proteção, em determinadas situações, por exemplo, é natural que a criança experiencie algum desconforto perante pessoas estranhas e sinta necessidade da proteção dos pais. No entanto, esta ansiedade e medo podem tornar-se excessivamente rígidos e desapropriados relativamente ao que é esperado para o desenvolvimento evolutivo comum da criança. Falamos em ansiedade de separação quando se trata de uma ansiedade excessiva quando há uma separação de casa ou daqueles a quem a criança está fortemente vinculada, e que persiste, no mínimo, por quatro semanas, causando sofrimento intenso em diferentes áreas de vida da criança. Independentemente da sua idade, a primeira separação de casa não é fácil para as crianças. Esta primeira separação acontece geralmente quando se vai para o jardim-de-infância/ escola pela primeira vez, sendo este momento muitas das vezes vivenciado com sofrimento. Para além da escola, existem muitos outros contextos onde a criança pode experienciar ansiedade de separação. Em contexto escolar, a dor dessa separação inicial será gradualmente compensada pela sua própria consciência de que precisa separar-se dos pais. O contato com as outras crianças na escola, os jogos, atividades e as novas rotinas funcionam como o catalisador para equilibrar o sofrimento de ter deixado a segurança e o conforto do lar, permitindo a criança desvincular-se gradualmente dos pais.

Alguns sinais de alerta de ansiedade de separação podem incluir:

  • Mal-estar geral quando ocorre ou é antecipada a separação dos pais;
  • Preocupação excessiva e persistente pela possível perda das principais figuras de vinculação (pais);
  • Dificuldades em dormir sozinho e medo de vir a ter pesadelos, muitas das vezes relacionados com a separação;
  • Recusa em ir à escola ou outros locais por ter medo de ficar sozinho (medo de ser abandonado);
  • Queixas físicas como: dor de barriga, náuseas e dores de cabeça (que surgem principalmente quando a criança antecipa a separação em relação aos pais)

Como lidar com a ansiedade de separação?

  • Procure levantar-se um pouco mais cedo para que possa ter alguns momentos de carinho e descontração com a criança antes do momento da separação;
  • Em contexto escolar, quando se trata de um primeiro contato com o jardim-de-infância/escola, numa primeira fase, se a criança se sentir mais confortável, deixe levá-la consigo um brinquedo ou objeto que ela goste;
  • Crie uma rotina de conversar com ela sobre o fato de terem de se separar, reforçando sempre a ideia de “estarei de volta”, “logo já voltamos a estar juntos”.
  • Converse acerca dos aspetos positivos e estimulantes das brincadeiras que ela pode ter com as outras crianças;
  • Apresente a criança calmamente à professora (ou outro cuidador) e faça com que ela perceba que você confia nessa pessoa e que ela cuidará bem dela na sua ausência;
  • Desde o momento que diga que vai embora, não hesite em voltar para trás mesmo que este possa ser um momento difícil para si e para a criança.