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Há medicamentos que são frequentemente usados no tratamento dos problemas emocionais e psiquiátricos e hoje dispomos de uma enorme variedade de fármacos em psiquiatria. Os mais conhecidos são os antidepressivos e os ansiolíticos. Embora muito presentes no nosso dia-a-dia, a maioria são medicamentos apenas com cerca de 20 ou 30 anos de uso corrente.

Talvez a sua existência recente contribua para as dúvidas e medos que algumas pessoas apresentam quando lhes são prescritos.

Existem dois grandes mitos em torno de quase todos os psicofármacos:

 

[h2]“Não são os medicamentos que me vão resolver os problemas”[/h2]

Os psicofármacos ajudam a resolver problemas mentais. É um fato cientificamente comprovado e que corresponde à experiência de milhões de doentes em todo o mundo.

Um cérebro saudável é um cérebro em que existe um bom equilíbrio dos neurotransmissores (dopamina, serotonina, adrenalina, entre outros). É do equilíbrio dos neurotransmissores que emergem emoções e sentimentos normais que governam a nossa vida. No entanto, quando nos desequilibramos (por exemplo, com uma depressão), altera-se também o equilíbrio desses mesmos neurotransmissores, sendo que muitas vezes o nosso organismo é incapaz de o corrigir por si. Nesses casos, os psicofármacos ajudam a restabelecer o equilíbrio dos neurotransmissores, muitas vezes indispensável para atingir um bem-estar mínimo, em que a pessoa se sinta capaz de desenvolver comportamentos e pensamentos saudáveis.

 

[h2]“Se tomar isso vai mudar a minha forma de ser, vou ficar sem vontade própria”[/h2]

Os psicofármacos não modificam o carácter de ninguém, mas sim a forma como a pessoa se sente. Por outras palavras, modifica a forma como a pessoa “está” mas não o que ela “é”. Um paciente deprimido sente tristeza, angústia e pensamentos negativos próprios desta perturbação e que a medicação antidepressiva é capaz de modificar. Tratada a depressão, o carácter – ou personalidade – da pessoa permanece, independentemente da medicação.

 

Se por um lado é verdade que nem todos os tratamentos psiquiátricos passam por medicação, os seus benefícios são unanimemente aceites entre profissionais da Saúde Mental. Discutir com o seu médico o seu plano terapêutico e esclarecer as suas dúvidas é sempre uma boa iniciativa para seu próprio conforto e até para aumento da eficácia do tratamento.

 

Filipe Freitas Pinto

Médico de Psiquiatria