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Cláudia Sintra Vieira

Cláudia Sintra Vieira

Muitas vezes acreditamos que a vida nos prega partidas e parece que tudo à nossa volta deixa de fazer sentido, parece que o mundo deixa de ter a sua cor natural para dar lugar a cores mais escuras. Mas pergunto-lhe: já pensou se é a vida que nos prega partidas ou se somos nós que vestimos os acontecimentos diários com roupas pesadas?

Esta questão dá-nos “pano para mangas”, pois é difícil aceitarmos que existem acontecimentos ao longo da vida que são fomentados por nós ou, melhor dizendo, pela forma como lidamos com eles. De facto, existem acontecimentos como a morte, acidentes, o diagnóstico de doenças, separações que, de alguma forma, consideramos automaticamente fazerem parte do baú dos acontecimentos negativos.

Porém, todas estas situações não passam de acontecimentos que em si não nos dizem grande coisa ou nada sobre nós e o mundo. Parece um pouco descabida esta afirmação? Talvez sim, para todos aqueles que vivem, desde sempre, com a ideia de que são os acontecimentos que provocam em nós as emoções, como tristeza, alegria, medo, ansiedade. Talvez não, para todos aqueles que se apercebem de que não é o acontecimento em si que despoleta em nós determinados sentimentos, mas sim aquilo que pensamos acerca do acontecimento.

Ainda deve estar mais incrédulo e a perguntar-se: mas isto também acontece quando falamos dos acontecimentos que fazem parte do baú dos acontecimentos negativos? Sim, por mais difícil que seja aceitar esta realidade, a resposta é: Sim! Claro que são acontecimentos poderosos, mas a capacidade de influenciar e dominar a sua vida depende da forma como lhes dá significado e os interpreta.

Isto leva-nos a pensar que esta pode ser uma razão que explique o porquê de, numa mesma situação, diferentes pessoas apresentarem emoções tão distintas. Por exemplo, imagine uma situação simples do dia a dia em que vai passear e decide ir beber um café. Quando entra no estabelecimento repara em duas colegas com quem tem uma relação normal, as quais murmuram e olham para si, parecendo estar a falar de si. Imagine que pensa: “devem estar a falar mal de mim”, pelo que se sente, possivelmente, triste. Por outro lado, se pensar “devem estar a falar do erro que cometi no outro dia no trabalho”, sente culpa. Mas imagine que lhe passava pela cabeça “devem estar a preparar-me uma festa surpresa”, claro que ficava alegre. No fundo, aquilo que sente depende do que disser a si mesmo, visto que a situação é sempre a mesma.

Parece assim que as vestes e roupas que tem decidido usar são determinantes na forma como lida com a sua vida, com as suas emoções, pensamentos e experiências. Quando interpreta um acontecimento como sendo negativo, tende a vestir roupas pesadas e escuras, como se vivesse com o mundo colado às suas vestes, como se não conseguisse reagir. Quando interpreta um acontecimento como algo de positivo, tende a vestir as suas emoções com as cores mais vibrantes e iluminadas que existem, pois na verdade parece que nestas alturas tudo parece mais fácil e respirável. Isto porque o mundo deixou de lhe pesar e de ser sentido e interpretado de forma diferente.

Só você decide sobre o que guarda no seu baú, e quanto às roupas que lá coloca, por muito dolorosas e sem cor que sejam, pode sempre dar-lhes outro significado.

Dê cor à sua vida! Dê cor às suas emoções e pensamentos!