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O desdobrar de papeisPor vezes ouvimos alguém a manifestar o desejo de ser, nem que seja por um dia, apenas Eu. “Não quero ser filha, irmã, mãe, esposa, hoje apenas quero ser Eu, sem ter que ser responsável, tomar decisões, ter em conta os meus pais, ouvir do meu marido aquilo que não fiz, os filhos a pedirem que os leve a algum lado, e ouvir os problemas dos meus irmãos”. Sim, independentemente do tipo de família, se mais nuclear ou alargada, as pessoas chegam a alturas de saturação, com períodos em que se vai vivendo em “piloto automático” para o bem de todos excepto nós próprios. Assim existe um forte desejo de num momento, poder viver sem pedidos nem preocupações, e ser apenas Eu.

 

Ouvimos falar de burnout ou síndrome da exaustão, um estado de fadiga ou de frustração. Pode ocorrer devido a uma causa, modo de vida ou uma relação que não correspondeu às expectativas. É uma relação directa entre o emprego e o estado de fadiga ou cansaço do trabalhador. Será que o podemos aplicar quando falamos nestas pessoas, que manifestam um cansaço tão grande que muitas vezes se esquecem de si próprios, não satisfazendo nenhumas das suas necessidades e estando sempre presentes e preparados para tudo aquilo que pode ou não acontecer? Muitos já sofrem de uma ansiedade antecipatória, colocando problemas onde estes ainda não existem, tal a envolvência com a família e a preocupação de tudo bem-fazer. Que descanso podemos dar a estas pessoas que a todo o momento estão a pensar nos outros, na forma como vão reagir, no cuidar deles e mais e mais…

 

Antes de mais conseguir distribuir tarefas é o caminho para se sentir mais liberto(a). Muitas pessoas acabam por ser responsáveis por todas as actividades da família, o que inclui os afazeres da vida doméstica, as compras e o ir buscar os filhos às diferentes actividades e à escola. Se os seus filhos já tiverem alguma idade, pondere se podem ou não ir sozinhos para casa e para a escola. Isso irá poupar algum tempo no seu dia-a-dia e criar responsabilidades nas crianças (terem a mala e a roupa preparadas e saírem a tempo de casa para irem a pé ou apanhar um transporte). Intercalar algumas das actividades da casa com a pessoa com quem vive também ajuda na recuperação das forças. Se os avós são presentes, que tal dizer que podem ter os netos o fim-de-semana todo? Quanto ao esposo/esposa pedir para que vá fazer as compras para a semana e que pode demorar o tempo que quiser…

 

Defina um momento da semana onde tem tempo para fazer algo que lhe agrade ou onde consiga descansar. Não se esqueça de si, se tiver algum descanso e espaço para usufruir de alguma actividade que proporcione prazer, encontre os meios necessários para poder desfrutar. Só assim poderá estar mais disponível para a semana e parecer-lhe mais suportável os pedidos e as preocupações.

 

Autora: Ana Beirão