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Paula Brito

Paula Brito

Todas as relações duradouras se caracterizam pela constância do quotidiano. Nelas partilham-se alegrias e tristezas mas acima de tudo pequenos momentos aparentemente insignificantes. Infelizmente, tendemos a esquecer que os pequenos momentos relaxantes são muito mais valiosos que os de crise – investimos tudo quando algo não corre tão bem e esquecemo-nos de cultivar os bons momentos diários.

Mais do que nos sentirmos desesperados pelo que correu mal, precisamos de confiar e aprender com o que corre bem. Os pequenos prazeres da vida estão dentro de nós – na capacidade de olhar e descobrir a beleza que há nas pessoas, nos animais e nos objectos. É possível estar de bom humor no meio de alguns azares. Tudo depende da capacidade de gerir o que sentimos. Basta pensar nos pontos positivos das questões e não focar naquilo que é menos bom. Por exemplo, uma pessoa que ao conduzir apanha muito trânsito pode significar apenas que tem um sítio importante para ir. É uma questão de perspectiva. Porque é que em vez de ficar aborrecido, já que não pode mudar a situação, não aproveita para relaxar a ouvir música? Não é necessariamente mau, pois não?

Há sempre pontos positivos. Temos o poder de decidir como nos queremos sentir em relação ao que nos acontece. Actualmente, as pessoas organizam a vida em torno do que está mal e esquecem-se de como se poderiam sentir bem. Nem sempre é fácil controlar impulsos, mas conhecer os nossos limites permite-nos saber prever e gerir emoções. A capacidade de desviar a atenção dos problemas e de centrar o uso de ferramentas mentais em momentos de bem-estar permite-nos desenvolver as competências necessárias para que as nossas emoções se tornem menos perigosas.

O lado bom da vida está em todo o lado e é impossível falar de tudo porque cada um de nós tem os seus pequenos prazeres consoante a forma de viver e de ver o mundo. Esses prazeres podem estar num bom filme, num doce, numa música, numa caminhada, num banho quente, na companhia dos amigos, na companhia de um animal, num abraço ou até num simples bom dia. Os grandes prazeres da vida estão dentro de nós e é preciso despertá-los. Nascem das emoções que atribuímos a tudo aquilo que fazemos ou dizemos e são a garantia de uma vida mais saudável.

Os pequenos gestos que tomamos como certos e a forma como reagimos a determinado acontecimento, por mais banal que seja, provocam sempre reacções no outro. Dê oportunidade ao outro de pensar e declarar o que pretende porque nem sempre sabemos o que o outro quer. Não é nossa responsabilidade modificar ninguém, até porque todos nós gostaríamos de mudar algo em nós mesmos. É ingenuidade e perda de energia querer mudar os outros, até porque só mudam quando forem os próprios a tomar essa decisão. Desejo a todos coragem para fazerem o que gostam, serenidade para respeitarem os outros e sabedoria para desfrutarem de todos os momentos bons que a vida tem para oferecer.