Tempo de Leitura: 2 min

Autor: Francisco Gonçalves Ferreira

O paradigma da internet e da virtualidade tem contagiado e transformado a forma como olhamos para a sociedade e para as relações interpessoais. As redes sociais têm proliferado a uma velocidade estonteante permitindo um maior confronto com opiniões, informações e permitindo uma exposição e partilha de pontos de vista, como acontece no preciso momento em que está a ler estas palavras. Vários mundos e concepções do mundo estabelecem contacto transmitindo a mensagem de que, no computador ligado à rede, é sempre possível estabelecer um diálogo.

 

Este facto é um facto positivo. A rede concede-me uma garantia relativamente fiável de que “tenho à disposição um contexto onde posso aprender e onde me posso experimentar socialmente”.

 

Uma das questões que muita gente coloca hoje em dia é, se para uma criança ou adolescente (e muitas vezes até para os adultos) a internet contêm as pistas necessárias para garantir que esse processo de experimentação social é conduzido de forma protegida, gerando a consciência necessária para prevenir os perigos de uma exposição demasiada. Outra das questões prende-se com a subjetividade da avaliação do isolamento de uma pessoa, sozinha no quarto, “ligada à internet”: está sozinha ou não está?

 

Embora os processos de pesquisa e participação na rede social computorizada dependa de programas informáticos que estabelecem um código acessível para toda a gente, é muito importante não esquecer que o que se diz e o que se pensa continua sempre a ser um aspecto social e relacional e por isso necessita de uma supervisão e monitorização social e relacional, especialmente se se tratar de uma criança ou de um adolescente.

 

Quer isto dizer que os “namoricos” ou os comentários no facebook, ou os programas virtuais em que cada participante é representado por um personagem virtual que interage com outros personagens virtuais têm sempre por base comportamentos e opiniões expressas por pessoas reais, suscitando reações, emoções, dúvidas ou preocupações reais.

 

Por esta razão, é importante que a família participe ativamente no processo de conhecimento e investimento pessoal que um adolescente realiza na rede social da internet. Participar ativamente não significa controlar obsessivamente os movimentos do filho ou da filha, minuto a minuto, ou fazer-se imediatamente “amigo” do filho na sua página do facebook. Pai é pai. Mãe é mãe. Não são “amigos”. Deve antes ser um processo de promoção da comunicação em família sobre as aventuras e desventuras do mundo cibernético.

 

E,  pai ou mãe: se estiverem relativamente desesperados na sensação de que “perderam o vosso filho para a internet”, como alguns pais já confessaram, é uma boa oportunidade para valorizarem as competências do filho ou da filha na forma como se move na internet, e pedir-lhe que ele ou ela vos ensinem como entrar no seu mundo.

Podem colocar-se questões como estas: “o que descobriste hoje de novo nos teus amigos do facebook?”; o que descobriste hoje de novo acerca de ti no facebook?”; “se eu te pedisse para me ensinares a funcionares com esse programa qual era a primeira coisa com que eu deveria ter cuidado?”; “como é que se fazem amigos no facebook?”; “e se eu não me quiser relacionar com esta pessoa como é que o posso fazer sem ser indelicado?”; “e se a pessoa insistir?”; “se eu desaparecer do facebook deixo de existir para as pessoas?”.

 

O mundo virtual está cheio de recursos, basta saber aproveitá-los.

 

É que se Maomé não vai à montanha, já sabemos o que compete à montanha ;-)