O meu filho tem tiques

Tempo de Leitura: 3 min

o meu filho tem tiques

Um tique pode ser qualquer movimento motor que ocorre de forma frequente, de forma súbita e rápida, mas pode também ser uma vocalização que surge sem controlo. Apesar destes movimentos serem mais comuns na face – piscar os olhos, franzir o nariz ou a testa, morder os lábios, fazer estalidos com a língua… eles podem ocorrer em qualquer parte do corpo – esticar o pescoço, elevar ombros, contrair a barriga ou fazer gestos involuntários com as mãos ou braços, entre outros.

Tal como os movimentos motores, os tiques vocais podem ir de simples sons sem significado (como um simples desobstrução da garganta), a sons parecidos com algo existente na natureza ou mesmo alterações no discurso e linguagem como o ênfase ou volume do discurso, repetição de sons ou palavras, inclusão de palavras ou frases (algumas poderão ser mesmo de carácter insultuoso).

Para além da divisão em tiques simples ou complexos de acordo com o número de músculos envolvidos, as perturbações de tiques podem ser divididas em 3 tipos:

  1. Perturbação Gilles de la Tourette – duração superior a 12 meses, coexistindo vários tiques motores e pelo menos um vocal;
  1. Tiques motores ou vocais crónicos – duração superior a 12 meses, por vezes associados a défice de atenção e hiperactividade, que são apenas motores ou vocais;
  1. Tiques transitórios – tiques motores e/ou vocais com duração de pelo menos 4 semanas mas não mais de 12 meses consecutivos;

Podem começar por volta dos 2 anos e prolongar-se por toda a infância até início da adolescência ou mesmo toda a vida, com fases de remissão (de semanas até anos). Por norma surgem sempre antes dos 18 anos.

Os tiques atingem especialmente os jovens – infância e adolescência – com uma taxa de incidência de cerca de 25%, sobretudo entre os 6 e os 10 anos. Geralmente desaparecem  antes da adolescência, mas podem voltar em momentos de maior ansiedade e stress.

Raramente aparecem antes dos 6 anos porque, até esta idade, as crianças têm grande liberdade de expressão, sendo-lhes impostas restrições motoras e vocais apenas quando entram para a escola, por volta desta idade.

Nas origens da perturbação temos aspectos emocionais e orgânicos, como uma predisposição genética (alteração na transmissão de serotonina – neurotransmissor responsável pelo controlo dos impulsos), abuso de substâncias ou doenças do foro neurológico (Doença de Huntington, encefalite pós-viral, etc.). Os tiques de origem emocional podem surgir associados a situações traumáticas, servindo como alívio.

Geralmente os tiques diminuem ou interrompem-se durante o sono, embora haja excepções, podendo algumas pessoas acordarem com um tique!

Os mais pequenos e às vezes até alguns adultos não estão conscientes dos seus próprios tiques, contudo com o seu desenvolvimento, muitas pessoas sentem um impulso ou sensação corporal que antecede o tique motor ou vocal e uma sensação de alívio ou de diminuição de tensão após a sua expressão. Algumas pessoas poderão até sentir a necessidade de repetir a realização de um tique complexo até sentirem que este foi realizado correctamente, conseguindo diminuir a tensão ou ansiedade.

O que fazer?

A gravidade de um tique relaciona-se com a forma como este condiciona a pessoa biológica, psicológica e socialmente.

Se uma criança começa a desenvolver tiques, os pais deverão conversar com ela, tranquiliza-la e dizer-lhe que provavelmente após alguns meses irão cessar. Deve ignorá-los, não recriminar, nem fazer nenhum tipo de observação sobre o tema.

No caso de tiques de longa duração é conveniente informar os sintomas aos professores, explicando que não se trata de nenhum tipo de provocação a ninguém. Quando são muito intensos que incomodam a criança ou comprometem os seus contactos sociais e desempenho escolar é fundamental procurar ajuda especializada. Quanto mais precoce for a intervenção, melhores serão as possibilidades de recuperação.

É muito importante não repreender, mostrar irritação, gozar ou comentar com outras pessoas, mesmo que o seu filho o enerve muito. Pelo contrário, deve promover a sua auto-estima!

Vera Lisa Barroso
Vera Lisa BarrosoPsicóloga Clínica

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    2017-12-29T16:32:42+00:0016 de Março, 2013|

    19 Comments

    1. JAQUELINE 7 de Setembro, 2016 at 01:04

      Boa noite meu filho de 1,ano e 1 mês. E começou a dois dias co. Tic fácial piscando e mechendo a boca . Percebi q isso sempre acontece antes de ele chorar ou depois . Qualquer momento que ele desmotre nervosismo , frustração e tristeza esse tic se repete. Devo lleva-lo no pediatra?

      • Oficina de Psicologia 15 de Setembro, 2016 at 19:45

        Deve levá-lo ao pediatra e, depois, ao psicólogo para avaliação.
        Abraço da Oficina de Psicologia

    2. Rubia 27 de Março, 2016 at 20:39

      Boa tarde! Muito interessante a materia porque tenho vivido isso com meu filho de 15 anos….achei interessante vc falar que tem ligaçao com o deficit de atençao porque justamente ele trata isso desde os 12 anos…mas os tic começaram de um ano para ca…termina um e começa outro, como piscar olho, dar pulinhos, bater a ponta do pe no chao quando andar, estender o braço….enfim….ele jura que nao percebe e eu chamo muito a atençao dele por isso….vou tentar nao falar mais nada….mas fico assustada…ninguem na familia tem…queria entender o porque disso e se vai durar a vida toda.

    3. siliane 16 de Março, 2016 at 17:42

      Boa tarde, meu filho vai fazer 3 anos e ja faz algum tempo( mais de um ano) que reparo que frenquentemente
      as pálpebra abaixo do olho esquerdo fica piscando, falei com a pediatra ela diz que é normal, o que vc acha?

      • Oficina de Psicologia 28 de Março, 2016 at 18:14

        Cara Siliane,
        Apenas é possível termos uma opinião sobre esta situação com o seu filho após uma observação directa. Se não confiar na pediatra que o acompanha, sugerimos que peça uma segunda opinião. Abraço, Oficina de Psicologia

    4. keila 29 de Fevereiro, 2016 at 16:17

      boa tarde meu filho tem 5 anos e deu pra franzir o nariz e ficar coçando a garganta e fazendo muito barulho principalmente na hora de comer e morde dos os lapis na escola eu nao sei mais o que fazer me ajude por favor

      • Oficina de Psicologia 15 de Março, 2016 at 15:53

        Cara Keila,
        O seu filho deve ser avaliado presencialmente, no contexto de uma consulta de psicologia. Ficamos disponíveis.
        Abraço,
        Oficina de Psicologia

    5. Daniele Sacramento 8 de Fevereiro, 2016 at 01:04

      Olá Boa Noite….Meu filho tem 5 anos, e há uns 2 anos e meio ele quando fica eufórico, alegre ,empolgado, e as vezes concentrado, ele balança os braços … as vezes até abre a boca….mas quando não esta tendo crises .,É super esperto….adora desenhar tbm ,sabe super esperto…fala bem conhece a s letra números….ja levei em.2 pediatras diferentes e ambos falaram ser tic…..o que acham

      • Oficina de Psicologia 15 de Março, 2016 at 16:49

        Cara Daniele,
        Achamos que o seu filho tem mesmo de ser observado num contexto clínico e, face a um diagnóstico, apenas possível dessa forma tem de seguir a terapêutica recomendada. O que não pode acontecer é ter diagnósticos por parte já de 2 pediatras e manter-se indecisa quanto a uma intervenção, já que muitas coisas, quando intervencionadas de uma forma precoce pode ser eliminadas ou substancialmente contidas.
        Abraço,
        Oficina de Psicologia

    6. Adriana 14 de Janeiro, 2016 at 13:44

      Bom dia minha filha tem 1 ano e 1 mes e a um tempo atras ela esta tinha um tique de que toda vez que colocava ela no bebe conforto ou no cadeirao para comer, ela fazia o movimento como se fosse flexão juntando a pernas com a barriga (no caso seria um movimento frequente) e de uns tempos para ca ela tem feito isso até mesmo no colo, gostaria de saber se isso é normal ou se é necessario algum tipo de tratamento, uma vez que ela chega a SOAR de tanto que ela repete este movimento?

      Grata

      • Oficina de Psicologia 15 de Março, 2016 at 16:50

        Cara Adriana,
        A sua filha deve ser levada à observação de um pediatra.
        Abraço,
        Oficina de Psicologia

    7. Andreia 11 de Janeiro, 2016 at 15:59

      Boa tarde.. tenho um filho de 6 anos, há um ano e meio atrás apresentou um tique de piscar os olhos, no começo sem saber ao certo o que seria eu e meu esposo acabávamos chamando sua atenção e o tique logo passou, mas no começo de 2015 esse tique reapareceu, o que me preocupa muito é que no decorrer deste ano ele apresentou vários tiques diferentes, aparecia um de puxar o pescoço por exemplo e sumia mais logo aparecia um novo tique e assim sucessivamente.. estamos em janeiro de 2016 e ainda percebemos esses tiques algumas vezes ficam muito fortes e depois vão sumindo dando lugar a um novo tique. gostaria de saber como proceder pois percebo que ele esta se sentindo incomodado com a situação, outra questão que gostaria de saber se os tiques são relacionados com problemas emocionais, pois ele perdeu o avô no começo de 2015 e eles eram muito ligados e ele reclama muito sobre a falta que sente do avô. Em contato com a psicologa da escola dele ela me informou que isto é normal, mas ficou muito preocupada com a situação.
      Grata.

    8. giovana 3 de Novembro, 2015 at 18:01

      Boa tarde meu filho tem 3 anos e nasceu com sequela lado direito mao e perna.teve avc intra uterino e so foi esse problema parte neurologica esta bem. Mas…ele tem um tique com bracos qd esta ansioso ou escitado ele mexe os bracos demais. Isso tem aumentado. A neuro e fisio diz q eh excitacao e nda mais dizem pra ignorar.. Mas n sei..sera q n e neurologico?

    9. Amandha 29 de Outubro, 2015 at 16:07

      Boa tarde!

      Meu filho a pouco meses atras começou com uma brincadeira de umas cartinhas, ficar batendo no chão e ate as cartinhas virarem para ver quem virou a maior pontuação,chmadas por eles de vera. Pois então essa brincadeira vc tem que juntar as duas mãos uma do lado da outra para dar pressão e assim bater no chão, oque acontece é o seguinte de uns dias para ca ele vem fazendo esse gesto mesmo não sendo na brincadeira, tomando banho,jantando, vendo TV etc…
      Gostaria de saber como proceder nesse caso, tiro as cartinhas dele,ou deixo pois isso vai passar? Aguardo um retorno, pois não quero tomar atitudes que o venha preojudicar.

      • Oficina de Psicologia 3 de Novembro, 2015 at 16:54

        Bom dia.
        Antes de mais, é importante referir como é difícil dar qualquer orientação específica sem uma avaliação cuidada prévia.
        Assumindo que existe algum grau de ansiedade associado ao tique é muito importante que a criança não se sinta criticada, o que poderia fomentar ainda mais o desconforto e a manifestação do tique. Aliás, será fundamental que os adultos cuidadores não repreendam ou mostrem irritação. Demonstrem confiança na criança e promovam actividades de relaxamento e prazer para ela. Retirar as cartas repentinamente poderá potenciar algum grau de ansiedade e confusão, por não compreender o motivo de tal “castigo”.
        Em todo o caso, parece-me que, numa primeira instância, o importante é despistar a origem dos tiques e fazer uma avaliação detalhada da situação com um profissional. Poderá recorrer ao Pediatra da criança e a um Psicólogo. Caso lhe pareça pertinente, na Oficina de Psicologia estamos disponíveis para vos receber e delinear a melhor forma de intervenção.

        Um abraço,
        Inês Afonso Marques
        Coordenadora da Mindkiddo (Equipa Infanto-Juvenil)
        Oficina de Psicologia

    10. Débora 29 de Outubro, 2015 at 11:22

      Rosy,
      Já há alguns dias meu filho começou com um tique de mexer a cabeça, como que estivesse tirando cabelo dos olhos. Foi em um crescente e nessa última semana se agravou, pois os tiques passaram a ter intervalos reduzidíssimos – minutos -.
      Ontem ele me disse que não conseguia parar de fazer aquilo.
      Ele tem seis anos e cinco meses e no final do anos se forma na pré-escola. Estamos envolvidos com isso.
      Ele é muito doce, mas com reações agressivas quando é contrariado, o que também se agravou nessa semana.
      Tenho conversado com ele, mas estou bem preocupada.
      Gostaria de orientações de como proceder.
      Grata.

      • Oficina de Psicologia 3 de Novembro, 2015 at 16:55

        Boa noite.
        Antes de mais, é importante referir como é difícil dar qualquer orientação específica sem uma avaliação cuidada prévia.
        Assumindo que existe algum grau de ansiedade associado ao tique é muito importante que a criança não se sinta criticada, o que poderia fomentar ainda mais o desconforto e a manifestação do tique. Aliás, será fundamental que os adultos cuidadores não repreendam ou mostrem irritação. Demonstrem confiança na criança e promovam actividades de relaxamento e prazer para ela.
        Em todo o caso, parece-me que, numa primeira instância, o importante é despistar a origem dos tiques e fazer uma avaliação detalhada da situação com um profissional. Poderá recorrer ao Pediatra da criança e a um Psicólogo. Caso lhe pareça pertinente, na Oficina de Psicologia estamos disponíveis para vos receber e delinear a melhor forma de intervenção.

        Um abraço,
        Inês Afonso Marques
        Coordenadora Mindkiddo (Equipa infanto-juvenil)
        Oficina de Psicologia

    11. rosy 11 de Novembro, 2014 at 01:46

      Oi boa noite, minha filha tem 8 anos e ela tem tique nervoso desde muito Pequena o meu esposo também tem tique, mas a minha preocupação agora é q ela esta com muito medo de qualquer doença q ela ouve falar, não posso nem perguntar se ela está bem porque ela já acha q estou perguntando porque ela está doente. Não sei o que fazer ela já passou 2 vezes com a psicóloga e não resolveram nada e a pediatra agora passou Neuleptil de manhã e à noite. O que devo fazer??? Estou muito preocupada. Obrigada.

      • admin 16 de Novembro, 2014 at 09:03

        Cara Rosy,
        A sua filha já está devidamente acompanhada com um psicólogo e pediatra. Por favor, debata as suas dúvidas com estes dois profissionais, que a poderão esclarecer com conhecimento de causa. Se tiver alguma dúvida quanto ao acompanhamento que está a ser feito, peça uma segunda opinião. De salientar que um profissional de saúde só lhe vai dar opinião após avaliação presencial do que se passa com a sua filha. Infelizmente, com base no que diz, e tendo em conta que já está acompanhada, não podemos ajudar mais do que isto.
        Fique bem.
        Abraço,
        Oficina de Psicologia

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