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Cristiana Pereira

Cristiana Pereira

Já alguma vez teve uma experiência “angustiante”? Sente “náuseas” em determinadas situações? Já se sentiu “borboletas” no estômago? Com certeza que estas sensações lhe são familiares. E usamo-las por uma razão A região gastrointestinal é sensível às nossas emoções: raiva, ansiedade, tristeza, alegria – todas estas emoções e outras podem manifestar-se a partir do intestino.

O cérebro tem um efeito directo sobre o estômago, como o facto de pensarmos em comer pode libertar sucos no estômago antes das refeições chegarem lá, por exemplo. E esta ligação pode acontecer nos dois sentidos. Por outras palavras, um intestino perturbado pode enviar sinais para o cérebro, tal como o cérebro perturbado pode enviar sinais para o intestino. Portanto, estômago ou intestinos perturbados podem ser a causa ou o resultado da ansiedade, de stresse, ou de depressão. Isto porque o cérebro e o sistema gastrointestinal estão intimamente ligados – tão intimamente que deve ser visto como um sistema.

Com certeza, poderemos lembrar-nos de determinadas situações de desconforto gastrointestinal sem uma causa física óbvia. Por isso, por vezes, é difícil tentar curar um intestino angustiado, sem considerar o papel do stresse e da emoção.

Dada a proximidade da interacção entre o intestino e o cérebro, é mais fácil perceber porque é que poderemos sentir náuseas antes de fazer uma apresentação ou sentir uma “dor de barriga” durante períodos de stresse. No entanto, isto não significa que as doenças gastrointestinais são imaginadas ou “tudo na sua cabeça”! Os factores psicossociais influenciam a fisiologia real do intestino, bem como os sintomas. Por outras palavras, o stresse (ou depressão ou outros factores psicológicos) pode afectar o movimento e as contracções do trato gastrointestinal, causando inflamação ou torná-lo mais susceptível à infecção.

Além disso, estudos sugerem que algumas pessoas com distúrbios gastrointestinais têm a percepção de uma dor mais aguda do que as outras pessoas. Isto porque os seus cérebros não regulam adequadamente os sinais da dor a partir do trato gastrointestinal. E, assim, o stresse pode fazer a dor existente parecer ainda pior.

Com base nestas observações, podemos esperar que, pelo menos, alguns indivíduos com condições gastrointestinais específicas podem melhorar com a terapia para reduzir o stresse ou lidar com a ansiedade ou a depressão. Além disso, através de algumas investigações verificou-se que os indivíduos que tiveram acompanhamento terapêutico apresentaram melhorias nos seus sintomas digestivos em comparação com aqueles que apenas receberam o tratamento médico convencional.