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Ana Sousa

Ana Sousa

Cada vez mais nos deparamos hoje em dia em nós mesmos e nas pessoas à nossa volta com a necessidade crescente de chegar à perfeição. Mas o que será isto da perfeição? Um corpo perfeito? Um desempenho perfeito?

A perfeição acaba muitas vezes por se transformar no mais importante a obter, para corresponder às nossas expectativas e às expectativas que os outros têm de nós, ou pelo menos que nós achamos que eles têm.

E quando não chegamos onde gostávamos de ter chegado? Nessas alturas, muito frequentemente deitamos tudo para trás das costas, todo o esforço, todo o empenho, todas as pequenas conquistas. Promovemos em nós um tipo de pensamento exagerado de tudo-ou-nada, ou se é perfeito ou nada valeu a pena. A culpabilização e a suposta confirmação de falta de valor vão preenchendo os minutos, as horas, os dias.

Em muitos casos de perfeccionismo as tarefas começam a ser adiadas com receio de que não se seja capaz de fazer uma determinada tarefa “na perfeição”, diminuindo consecutivamente o tempo que a ela poderia ser destinado e condenando cada vez mais o resultado final por medo de falhar.

O cansaço do envolvimento em diversas tarefas ao mesmo tempo vai aumentando, para que nada saia do controlo, para que tudo seja feito de uma forma perfeita, onde o corpo começa a entrar em desgaste e a não corresponder às expectativas.

A procura da perfeição é em si mesma imperfeita, não tem em conta os esforços, as conquistas intermédias, as reais expectativas, as reais capacidades e os limites físicos e psicológicos da pessoa.

Face a este sofrimento pela busca incessante da perfeição, há algumas sugestões que podem ser tidas em conta e que não é necessário serem feitas de forma perfeita:

– Permita-se a não ser perfeito, a ser um pouco caótico de vez em quando, a fazer erros e a admiti-los;

– Trabalhe a sua capacidade de crítica construtiva e às vezes ria-se de si próprio, percebendo onde exagerou;

– Perceba através das outras pessoas de que forma o seu perfeccionismo se evidencia e utilize essa informação para ser mais tolerante consigo próprio, aceite conselhos e sugestões dessas pessoas;

– Comprometa-se a libertar-se de alguns rituais perfeccionistas como pesar-se constantemente, ver constantemente o e-mail ou o telemóvel;

– Tome consciência do discurso interno de autocrítica que tem para consigo e vá ensaiando formas alternativas de pensamento mais adaptadas à realidade e à valorização de si mesmo.

O mundo precisa de si como ser imperfeitamente perfeito que é.