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E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

(…)

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.

(…)

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço.

(…)

“O Problema de Expressão”, Clã, Kazoo, 1997.

André Viegas

André Viegas

Em múltiplos momentos do encontro psicoterapêutico são comuns relatos sofridos sobre a dificuldade de expressão de afetos àqueles de quem mais se gosta.

A expressão da afetividade é algo que sofre influência do tecido social e cultural em que vivemos, da aprendizagem, sendo muitas vezes reprimida a sua exteriorização levando a configurações relacionais mais racionalizadas, menos espontâneas.

Quando a expressão emocional permanece contida, tal parece acarretar uma conflituosidade muito porosa a um sofrimento gradual associado a bloqueios comportamentais que, algumas vezes, podem ser acompanhados de sentimentos de culpabilidade e insuficiência.

Quantos de nós já ouvimos o verbalizar de alguém sobre a dificuldade de dar “aquele abraço”, de dizer “aquele gosto de ti”?

Em determinados momentos, estas dificuldades expressivas acabam por levar a compensações através de ações ao outro mas que, inexoravelmente, deixam perpetuar a permanência de pontos de interrogação sobre a receção da mensagem afetiva.

Em psicoterapia este tipo de situações são encorajadas a serem refletidas, clarificadas, e o troco afetivo gradualmente torna-se espontâneo com o outro que se sabe importante para nós.

Pense nisto.