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Autor: Mariana Oliveira

Outono e Primavera. Gosto tanto desses dias! Um friozinho aconchegante que torna nossa cama sempre convidativa. É gostoso ir dormir, e, por que não, também gostoso acordar. Até 5 minutos mais cedo! Isso, mais cedo! Para poder espreguiçar, curtir esse despertar, como não fazemos no dia-a-dia de horários corridos e relógios atrasados. Simples prazeres que me fazem tão bem.

Mas o que me desperta (interesse) são os casacos, as blusas de frio. Porquê no outonos os dias são assim: frio matutino e noturno intercalados com o calor da tarde. Ok, não é um calor absurdo, mas fica mais quente. E as pessoas saem de casa pela manhã para trabalhar, ir à faculdade, enfim, suas atividades cotidianas e vestem seu confortável agasalho. Com o passar das horas e a movimentação da terra (ou vice-versa), o dia vai pegando ritmo, o Sol vai esquentando e o que acontece com a vestimenta de muitas das pessoas? Nada! Elas não tiram o agasalho mesmo que o calor esteja incomodando. Por que? Não sei. Cada um tem seu motivo: não sabe onde deixar a blusa, não incomodou o suficiente, deixa pra lá. Sentem-se tão protegidas e aconchegantes ali que não retiram seus casacos mesmo que já não esteja tão agradável. Não fazem um movimento para se adaptarem ao momento. São tantas as formas de fazermos isso na nossa vida. É aquele emprego ruim mas que dá segurança (que o digam os “concurseiros”), a rotina que se instalou na relação e ninguém dá um passo nem pra melhorar, nem pra cair fora, no rabugice de um atendente que ficou assim com o passar dos anos de maus tratos dos clientes e por quê não arriscar até nossa situação política? Medo do novo, medo de arriscar, medo de “perder a blusa”, de se expor ao outro, à outra situação e perder essa segurança?

Lembro-me de minha mãe comentar que adolescente não sente frio, sai a noite com roupas curtas e decotadas. Realmente, é característica da adolescência a coragem, o enfrentamento, o “se jogar”. Com os anos e o “amadurecimento, vamos nos vestindo cada vez mais, moldando às exigências da vida e esquecemos que podemos tirar a blusa  de vez em quando e usá-la quando precisarmos novamente, que a encontraremos ou buscaremos por ela quando necessário, que podemos amarrar na cintura ou jogá-la sobre os ombros, como nos sentirmos mais confortáveis e de acordo com o estilo pessoal. Mas às vezes é melhor pagar o preço do que tirá-la…Cada um sabe o quanto suporta de calor (ou, em uma analogia, onde o calo aperta) até decidir tirar a blusa, ou não. É uma questão de tempo.