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Gustavo Pedrosa

Gustavo Pedrosa

No casal, os “papeis de género” estão cada vez mais esbatidos. Mas ainda existem muitos pormenores que, por muito que tentemos, não conseguimos mudar.

Homem e mulher têm, naturalmente, um papel diferente na sociedade. Por essa razão, a cultura leva-nos a olharmos e a “prepararmos” as crianças de forma diferente. Também por isso, a educação difere muito entre os filhos e filhas.

Mais tarde, já em casal, essas diferenças mantêm-se. Como são características tão intrínsecas à nossa personalidade e são tão inconscientes, são por vezes muito difíceis de aceitar ou de lidar. A prática clínica demonstra que em muitas situações, na base das falhas de comunicação entre o casal, estão estas diferenças de género. Seja porque a mulher não consegue aceitar que o marido seja tão pragmático no que toca à resolução de uma qualquer discussão, ou porque o marido não consegue entender as diferenças dos estados emocionais na mulher, e por isso não consegue perceber quando deve ter o comportamento adequado.

E o que deve o casal fazer nessas situações? Antes de mais, deverá tentar perceber os diferentes papeis de género na cultura (social e familiar) e na educação da pessoa com quem partilha a sua vida emocional. Numa jornada de descoberta e auto-conhecimento, devemos, durante uma conversa de partilha e sem julgamento, tentar perceber que valores nos foram transmitidos durante a nossa infância e juventude. Devemos tentar perceber as diferenças entre as brincadeiras em que participámos, quais os modelos familiares que tivemos e quais os nossos hobbies favoritos.

Os rapazes entram em corridas, competições, lutas e jogos de força. A relação com os pares são mais afastadas e, ao mesmo tempo, funcionam mais em grupo. Não choram, pois isso é coisa de meninas e têm que “engolir” as dores de uma queda numa qualquer corrida de bicicleta.

As meninas brincam com bonecas, recriam situações de cuidado familiar, imitam as tarefas domesticas, imaginam contos de fadas e esmiúçam os comportamentos dos seus pares.

A carga genética tem também a sua importância nos papeis de género, ao potenciar as diferenças e ao remeter-nos para o tal pragmatismo do homem e a mais perspicaz “descodificação emocional” da mulher.

Assim, ainda antes do casal pensar em complexas resoluções para os seus problemas de comunicação, deverá entender as diferenças que os separam “à nascença”, permitindo que o entendimento, a compreensão e o conhecimento formem uma melhor base de “negociação”, aceitação e comunicação no casal.