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Autor: Francisco Gonçalves Ferreira

Hoje em dia vivemos tão entranhados nos nossos telemóveis, nos semáforos e buzinadelas, nas corridas para o emprego ou o supermercado, nas escolas dos filhos, na segurança social, nos telejornais… enfim, tão mergulhados na nossa vida civilizacional que nem temos tempo para nos perguntarmos “porquê?”. Porque é que nos movemos de um lado para o outro e fazemos as coisas que fazemos? Qual é a motivação que nos comanda?

As motivações que nos regem são, na sua maioria, as mesmas que partilhamos com os outros animais. Por exemplo, competimos, discutimos e por vezes rebaixamos porque queremos o nosso território, queremos o nosso espaço, a nossa casa, tal como querem os crocodilos. Choramos, gritamos e por vezes frustramos porque queremos que alguém nos acuda, nos lamba as feridas, como fazem os tigres. Temos medo e fugimos, ou até por vezes congelamos ou fingimo-nos de mortos para evitar que o predador nos tire a vida ou a liberdade, como fazem as gazelas ou os gambás. Cumprimos regras, tentamos adaptar-nos aos grupos e esperamos que um dia nos valorizem, como fazem as suricatas ou os pinguins.

Talvez se conseguíssemos perceber mais vezes que contemos dentro de nós uma história e uma evolução que não tem sido escrita para nos zangarmos com o mundo mas, antes pelo contrário, fazermos, cada vez mais, parte dele, talvez assim nos pudéssemos sentir menos culpados pelos gritos ou pelos silêncios.

Talvez valha mais a pena ser crocodilo do que tentar ganhar à pressa da humanidade.