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Autor: Inês Mota

Se lhe têm dito que precisa de treinar a sua assertividade, quer no trabalho ou noutras áreas da sua vida, ou mesmo se tem percebido que: com frequência as pessoas se aproveitam de si?; se sente que muitas vezes acede aos pedidos dos outros, sentindo-se no entanto sobrecarregado; ou inclusive se já lhe aconteceu comprar determinadas coisas que não queria ou não precisava, porque “não soube dizer não”, está na hora reforçar as suas competências assertivas.

Não se preocupe que não padece de um mal incurável, pelo contrário, saiba que realmente NINGUÉM é 100% assertivo com todas as pessoas e em todas as situações, e as boas notícias são que, uma vez que as competências assertivas dependem da aprendizagem, poderão ser aprendidas em contexto apropriado e continuamente desenvolvidas ao longo da vida. Comece hoje!

É importante que possa reter também que a utilização destas competências depende das situações onde nos encontramos e das pessoas com quem estamos, ou seja, o que é considerado assertivo num contexto poderá não o ser noutro.

Se lhe acontece lamentar-se porque conhece muitas pessoas que lhe parecem mais assertivas perceba o seguinte, todos nós, de muitas formas somos fruto das aprendizagens, pelo que se crescemos em contextos ou passámos por situações onde: fomos verbalmente ou fisicamente punidos por nos expressarmos; fomos recompensados para não o fazermos; as pessoas que desempenhavam o papel parental também não são assertivas e não estivemos em situações ou contextos onde possamos ter aprendido outras formas de comportamento mais adequado; crescemos em contextos onde determinadas normas e regras culturais nos dizem que “é falta de educação recusar pedidos”, “é falta de educação discordar”, “parece mal ter uma opinião diferente” e se desconhecemos os nossos direitos e limites desses direitos em situações sociais, é muito natural que, nestas condições, as nossas competências assertivas estejam a precisar de ser afinadas.

Ser cada vez mais assertivo permite-lhe fazer-se ouvir, fazer pedidos, pedir favores e afirmar os seus direitos. Serve também para expressar “sentimentos negativos” (queixas, ressentimento, crítica, discordância, desejo de estar sozinho) e para recusar pedidos, e para demonstrar “emoções positivas” como a alegria, orgulho, estima, atracção e ainda para fazer e receber elogios.

Se é verdade que por vezes não somos assertivos porque ainda não o sabemos ser, outras vezes não o somos porque temos crenças erróneas acerca do nosso comportamento e que acabam por condicionar a liberdade das nossas acções. Esteja atento e perceba se nas situações em que gostava de ser mais assertivo acredita nas seguintes preposições acerca dos seus direitos e responsabilidades: “não tenho o direito de recusar pedidos aos meus amigos”; “não tenho o direito de fazer pedidos às outras pessoas”; “não tenho o direito de discordar com os outros, particularmente com a autoridade”; “não tenho o direito de ficar zangado, particularmente com as pessoas de quem gosto”.

Perceba ainda também se apresenta os seguintes pensamentos erróneos sobre as consequências prováveis do seu comportamento: “se eu me expressar genuinamente, coisas terríveis poderão acontecer”, como, “dar sinal de fraqueza”, “ser mal-educado”, “colocar os outros em causa” ou “criar problemas”, ou “se eu defender o que penso/sinto, coisas terríveis poderão acontecer”, como, “ser rejeitado”, “vou magoar o outro”, “estou a ser egoísta”.

Se conhece este tipo de pensamentos, poderá estar dramatizar ou a magnificar a probabilidade e intensidade das consequências.

É verdade que às vezes os outros poderão não gostar da nossa opinião, nem concordar com ela. É verdade também que os outros poderão ficar aborrecidos se nos zangarmos ou chatearmos, mas é verdade também que os outros muitas vezes invadem os nossos limites ou nos desrespeitam e temos de ser nós mesmos a saber que o estão a fazer e a mostrar-lhes que o estão a fazer.

Quer precise de experimentar e aprender a ser mais assertivo quer a corrigir os seus pensamentos nas situações sociais, saiba que pode contar connosco e que pode começar hoje mesmo a ganhar uma vida com maior sabor a liberdade.