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Autor: Susana Matos

Quantas vezes, depois de termos falado com alguém, tendo feito muito esforço por nos fazermos entender, acabamos por sentir que a outra pessoa entendeu a mensagem de forma completamente diferente da que queríamos transmitir? Estas situações são frequentes e podem ser altamente frustrantes e desgastantes. O que pode, então, ter falhado?

Sabendo que a relação entre as pessoas tem como base fundamental a comunicação, e que esta nem sempre é recebida da maneira mais correcta, torna-se importante questionarmos a eficácia da nossa própria forma de comunicar. Esta interrogação é muito importante, já que o modo como nos relacionamos com os outros depende, em grande parte, do nosso poder e habilidade de comunicação.

Porém, comunicar não é fácil, pois nem sempre conseguimos utilizar as palavras certas ou os gestos congruentes com as nossas emoções ou o nosso discurso. Eis alguns exemplos do que podemos fazer para que a comunicação falhe com toda a certeza:

• Preocupar-nos somente em fazer-nos ouvir;

• Ouvirmos o que se espera e não o que é dito;

• Ignorarmos a informação que entra em contradição com o que já sabemos ou queremos;

• Estarmos com uma carga emotiva elevada;

• Entrarmos em suposições sobre o que é dito.

• Etc., etc.

Reconhece-se em algumas destes atitudes? Se sim, talvez seja altura de começar a reflectir acerca da sua forma de comunicar.

Como se isto não bastasse, a outra pessoa está também a interpretar o que dizemos à sua maneira, o que dificulta ainda mais a comunicação. Concluindo, cada um “vê” e interpreta a realidade de acordo com a sua própria percepção, ou seja, cada um recebe, capta e interpreta a mensagem de acordo com as suas crenças, valores e cultura. Quem é que ainda acha que comunicar é fácil?…

Apesar de não ser fácil e de podermos achar que o “dom da palavra” é uma característica de alguns privilegiados, a realidade é que a nossa habilidade na comunicação constrói-se, ou seja, é algo que podemos desenvolver permanentemente ao longo da nossa vida.

Assim, para comunicarmos de forma mais eficaz, precisamos primeiro de ganhar consciência de que os sentimentos e emoções (próprios e dos outros) influenciam, de facto, a comunicação. Por exemplo, se falarmos num tom agressivo, porque nos sentimos zangados ou irritados, muito provavelmente receberemos de volta a mesma atitude por parte do outro. Não se esqueça que comportamento…gera comportamento!

Neste sentido, devemos reconhecer e assumir que a responsabilidade da eficácia da comunicação também nos pertence. Por vezes, não é só o “outro” que percebeu mal, talvez nós próprios não tenhamos demonstrado as palavras, gestos ou atitudes congruentes com o que queríamos transmitir. Claro que há uma excepção: se o outro não quer compreender e só quer fazer-se ouvir, talvez todos os nossos esforços sejam em vão…porque são precisas duas pessoas para que a coisa resulte…

A verdade é que todos temos necessidade de comunicar, não só para nos fazermos entender, mas também para entender os outros e para nos ajudar a pensar. Hoje em dia, fala-se muito da assertividade como a forma mais eficaz de comunicar com os outros. Em linhas muito gerais, ser assertivo é comunicar de forma clara e directa as nossas necessidades, direitos e sentimentos, promovendo o respeito por nós próprios e pelos outros. Para que isso aconteça, os “ingredientes” necessários são uma certa dose de autoconfiança e de autocontrolo, uma pitada de determinação, uma boa dose de tolerância à frustração, muita empatia e uma atitude q.b. de confiança perante os outros.

Basta acreditar que a mudança é possível e que trará benefícios para si e para as suas relações. Desenvolva a sua assertividade!