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Autor: Fátima Ferro

A promoção da saúde mental tornou-se crucial para qualquer sociedade sendo considerada um sinal de qualidade de vida, levando a um olhar mais atento de todos os profissionais que trabalham nesta área.

Do ponto de vista da saúde mental infantil, a compreensão das etapas de desenvolvimento do ciclo vital é fundamental, é nela que se estrutura o psiquismo e se constituem os recursos essenciais numa perspectiva de evolução. Dentro deste âmbito é necessário percebermos que se tornaram comuns os problemas infantis de foro psiquiátrico, que um número significativo destes problemas podem ter um mau prognóstico e que muitas das perturbações da idade adulta têm as suas raízes em factores de risco da infância.

Uma intervenção inicial na promoção de competências que visem aumentar o bem-estar pode ter efeitos preventivos importantes, como é o caso do aumento da auto-estima e da diminuição do comportamento anti-social.

O campo da psicopatologia desenvolvimental clarificou de que forma os aspectos do comportamento normativo, tais como as relações com o grupo ou a auto-estima podem estar ligados à propensão para problemas posteriores, como, por exemplo a depressão e o comportamento anti-social. Os problemas com as relações interpessoais entre iguais, parece aumentar o risco de ocorrência de perturbações na infância e no inicio da adolescência.

Outros factores de extrema importância são os factores de risco familiar. As crianças cujos progenitores sofrem de problemas de saúde física ou mental têm sido foco de considerável atenção. Vários estudos de crianças cujos pais sofrem de perturbação afectiva demonstram a importância das intervenções na família.

Os mecanismos psicossociais por meio dos quais o distúrbio nos pais influencia o desenvolvimento das crianças parecem ser, principalmente, a discórdia familiar e a interferência com as funções parentais.

A maior possibilidade que as crianças com problemas de conduta e perturbações emocionais (especialmente as que foram diagnosticadas numa idade precoce) têm de mudar o seu comportamento, reside principalmente na melhoria dos factores circunstâncias familiares, nas relações positivas de grupos de pares e nas boas experiências escolares.

À laia de exemplo, as crianças agressivas provocam, muitas vezes, retaliações e provocações nos outros, o que incrementa e amplia o desenvolvimento dos seus problemas anti-sociais, tendo igualmente a probabilidade de serem rejeitadas pelos pares que são menos agressivos. Estas crianças cometem desde cedo, erros e distorções no que são as percepções face às atitudes do outro, assumindo, com frequência, uma intenção agressiva onde ela não existe.

Por serem rejeitadas, as crianças que têm este tipo de características tendem a tornar-se amigas. O que reforça ainda mais o aumento do risco de desenvolvimento do comportamento anti-social, e agrava os seus problemas de conduta.

Considerando as intervenções, o alvo deverá ser não só a criança mas também o meio envolvente, os pais, os professores e as escolas onde as crianças passam a maior parte do tempo.

Como observadores mais próximos da saúde e do bem-estar da criança, os pais devem atender às suas próprias dúvidas e intuições. Se por algum motivo o aspecto do seu desenvolvimento, seja ele motor cognitivo, emocional ou comportamental os preocupa, deverão pedir ajuda.

Para concluir, o que salientamos ao longo de todo este processo de análise, é a importância da Saúde Mental como uma prioridade educativa e uma perspectiva de intervenção multimodal como prevenção, referente aos vários contextos onde a criança se insere, desta forma promover-se-á também factores de resiliência e saúde mental dos, professores e pais.

Autor: Maria de Fátima Ferro