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Cristiana Pereira

Cristiana Pereira

Quem nunca sentiu ciúmes na vida?

É provável que não se lembre, mas é bastante comum sentir algum ciúme na infância, por exemplo. Temos ciúmes dos pais, dos irmãos e dos amigos. E na relação amorosa de um casal podemos sentir ciúmes do parceiro e dos filhos. Todos nós queremos receber afeto dos outros, sentirmo-nos amados e mesmo preferidos, e é natural cuidarmos dos nossos entes queridos, porque tememos a sua perda. Existe um ciúme, o qual é vivido na sua normalidade quando é sentido pontualmente, dissipando-se facilmente, e há outro que se caracteriza por tanto excesso que se apelida de “ciúme patológico”.

No ciúme patológico é como se uma parte de nós nos dissesse que estamos a ser traídos ou que não somos tão importantes como gostaríamos de ser. À partida, sabemos que sentir um pouco de ciúme significa que valorizamos a outra pessoa e que ela é importante na nossa vida. No entanto, quando o ciúme ultrapassa o limite da normalidade, pode provocar desequilíbrios na sua vida ou na vida das outras pessoas.

E como podemos distinguir? No caso de relações amorosas, a pessoa ciumenta torna-se obsessiva com tudo o que se passa à volta do seu companheiro e sofre com as interpretações que tem da realidade, que não coincidem com a própria realidade. Por isso, surge constantemente ansiedade, raiva ou medo, pela possibilidade de que o seu ente querido deposite o afeto numa outra pessoa e se afaste.

A presença de uma terceira pessoa, real ou imaginária, gera uma situação de alarme, algo que é normal, pois de outa forma não haveria interesse no outro. No entanto, há pessoas que preferem que o seu companheiro não tenha um relacionamento íntimo com mais ninguém. Quando este ciúme é acompanhado por um sentimento de insegurança, hostilidade e depressão desgasta, podendo destruir a qualidade de vida do casal. Estas pessoas, por sentirem que, se perderem os seus parceiros, a sua vida será insuportável, tendem a ser controladoras, vigilantes, asfixiantes, inseguras, depressivas e dependentes. Neste sentido, o ciúme é patológico quando a sua rotina é modificada por causa dele.

Como identificar alguém com ciúme patológico

1. A pessoa não suporta que outros rodeiem o seu companheiro: amigos, colegas, familiares, especialmente do sexo oposto.

2. Examina com frequência os objetos pessoais do companheiro, como o telemóvel, a carteira e perfis nas páginas sociais. Cheira as roupas procurando um perfume diferente. Tem uma baixa autoestima, resultado da insegurança e da falta de confiança em si mesmo.

4. Apresenta uma personalidade dominante, querendo, por isso, controlar tudo à sua volta. Quando não vê o companheiro, sofre porque não pode exercer o seu controlo. Caso lhe telefone e não atender, a primeira coisa que imagina é que está a ser traído.

5. O seu ciúme é sempre injustificado.

Como lidar com o próprio ciúme

1. Lembre-se sempre de outras vezes em que pensou algo parecido e nada do que temia aconteceu.

2. Avalie a possibilidade de fazer terapia de casal, principalmente quando se chega a um extremo irracional.

3. Saia com o seu companheiro para se divertirem com amigos, familiares e colegas para que ambos sintam que participam na vida social um do outro.

4. Reflita sobre a importância do ciúme na sua vida.

5. Tenha algum passatempo ou opte pelo exercício físico para dispersar a mente e recarregar as baterias.

O acompanhamento psicoterapêutico é bastante importante em casos de ciúme patológico, devido ao sofrimento, que é muito grande. Com o processo terapêutico é possível analisar o impacto desse ciúme, racionalizando-o, e assim ter a oportunidade de reparar a autoestima, a autoconfiança e devolver a qualidade de vida ao casal.