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Cláudia D. Rodrigues

Cláudia D. Rodrigues

Proponho-lhe uma pequena experiência ao mundo psicoterapêutico como o entendo. Para isso, volto ao convite inicial, colocado anteriormente na 1ª Parte deste texto.

Fiquemos por um momento com algo difícil.

Se ainda aqui está comigo, e conseguiu não saltar o anterior texto, talvez tenha boas hipóteses de conseguir ter forças suficientes para fazer/viver com sucesso a experiência única de fazer a sua Psicoterapia. Se saltou parágrafos (ou o texto anterior/ Parte I), talvez tenha estado desatento e não reparou que havia uma “Parte I”, talvez esteja demasiado ansioso(a) por um resultado rápido (saltando directamente para o final), talvez esteja desinteressado(a) numa sequência lógica, ou talvez esteja com outra necessidade em conflito com a necessidade de ler… enfim várias hipóteses podem explicar saltar “partes” do texto completo. Mas não desanime, mesmo com desatenção, com desinteresse, com pressa, em conflito de necessidades, ou em qualquer outro estado, se ainda aqui está comigo é porque mesmo assim tem condições para ficar (e continuar). Exatamente no estado em que está, seja ele mais (ou menos) difícil, pode ficar. Tal como em Psicoterapia. Em Psicoterapia é suposto aprendermos a suportar ficar com o que existe, tal como “É”, e é para isso que, na minha opinião, o psicoterapeuta existe em primeira instância: para ajudar a “ficar/estar-com” determinada situação, mesmo que seja uma situação difícil.

Imagine que a concentração neste texto está a ser uma experiência difícil. Se não for suficiente, então imagine uma outra experiência difícil pela qual já passou – se for tão humano(a) quanto eu, decerto não lhe faltarão momentos por onde escolher.

Nesses momentos, há um primeiro momento, por tempo incerto, em que não há qualquer possibilidade de mudança no entendimento da situação. Pode deparar-se com a convicção de que “não há nada a fazer”, ou, quanto muito, deparar-se com a constatação de que “é/foi difícil” passar por ela e vivê-la.

Neste tipo de situações de dificuldade ou de impossibilidade, se se centrar em si, pode perceber que as coisas são determinadas por dados da sua história ou percurso pessoal, por certas circunstâncias em que está envolvido,pela sua constituição física, pela sua estrutura psicológica dominante, por constituição humana existencial, ou por certa incapacidade pessoal para agir ou pensar de outras formas alternativas. Se se centrar no problema a partir de “fora”, pode questionar muitos outros aspectos, mas para o presente propósitoisso não nos interessa agora. Concentremo-nos no questionamento a partir de “dentro”, i.e. a partir da sua experiência pessoal da dificuldade. Partir de “dentro”, é o ponto de interesse fundamental no trabalho psicoterapêutico. Observe(-se). Se achar pertinente para o momento, registe também. Continuaremos a nossa experiência na próxima “sessão” (Continua em Parte III).