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Inês Afonso Marques

Inês Afonso Marques

Já vai na terceira birra, só hoje! Não há sinais de que os gritos, o choro e o espernear queiram parar… Apetece-lhe fugir?

Durante o “caos”, emocional e comportamental do momento, uma birra pode implicar uma enorme frustração, não só para a criança, mas também para o adulto, inspirando-o, eventualmente, a desatar também num enorme pranto. Um dica para tornar o momento mais fácil? Olhe para a letra D. Birra como uma oportunidade para educar, e não como uma catástrofe.

As birras podem variar entre o choramingar e o gritar, com direito a espernear, gesticular e suster a respiração. São “esperadas” entre o 2º e o 4º ano de vida da criança, fazendo parte do seu desenvolvimento.

Imagine que está a tentar programar a sua nova máquina fotográfica, percebendo como funciona. Mas a tarefa está difícil e, por mais que tente, não está a conseguir de maneira nenhuma perceber como fazer aquele efeito fantástico tipo desenho. Frustrante? Começa a “praguejar”, atira o manual para um canto, bate com a porta e sai dali. Esta é uma versão de birra de adulto. As crianças pequenas estão também a tentar perceber como funciona o mundo e a procurar tirar partido dele. Quando não conseguem alcançar o seu objectivo recorrem à única forma que conhecem de libertar a sua tensão e frustração – através de uma birra.

O que despoleta uma birra? Procura de atenção, cansaço, fome, desconforto físico como calor ou frio, frustração… E a frustração faz parte de um processo de descoberta e aprendizagem, sobre si próprio, sobre os outros e sobre o mundo.

O facto do início das descobertas coincidir com um período em que a linguagem ainda está em desenvolvimento, alimenta a frustração. Por norma, a criança compreende muito mais do que consegue dizer. Imagine-se a não conseguir transmitir os seus desejos e as suas necessidades… Frustração! A verdade é que à medida que as competências linguísticas se desenvolvem, as birras tendem a diminuir.

Outro desafio com que os mais novos se deparam é a necessidade crescente de autonomia. A criança procura alcançar um certo grau de independência e controlo sobre o mundo, grau esse que por norma constitui um objectivo individual demasiado elevado para as capacidades da criança. Mais uma excelente oportunidade para se manifestar a dita frustração… Quer seja por a criança não conseguir alcançar o que deseja, quer seja por ser impedida, pelo adulto, de fazer aquilo que quer.

Desafiamos portanto os pais a encarar as birras como oportunidades de ensinar a criança… A lidar com a frustração, a respeitar regras e limites, a saber esperar, a ser criativa na resolução de problemas, a ser tolerante… O que acrescentaria a esta breve lista?