Autor: Rita Castanheira Alves
Frequentemente vemos no supermercado, nos transportes, numa esplanada crianças com chucha e ao sorrirmos para elas, os pais de imediato dizem: “ – Vá guarda a chucha, já és crescido, assim a senhora não te vai perceber.” Frequentemente os pais falam dos filhos dizendo” – Ah deixou a chucha muito cedo, sem dificuldades, entregou-me e nunca mais pediu.” ou “ – Já deixou muito tarde e foi muito difícil, chorou muito, toda a noite.” Alguns dizem orgulhosamente: “ – Nunca usou!”
Provavelmente ficará admirado(a) se lhe disser que a chucha não é prejudicial e tem mesmo benefícios. Nos primeiros anos de vida é uma fonte de segurança e conforto para a criança, facilita a sucção e o aleitamento, fortalece a digestão e desenvolve a musculatura oral.
Em geral, os pais questionam-se quando os filhos devem deixar a chucha, se já terá chegado o momento ou se estará a ficar muito crescido. Assistimos na maioria das vezes a crianças que deixam a chucha espontaneamente entre o 1º e 2º ano de vida e crianças que deixam por volta dos 3/4 anos porque os pais acham que já estão muito crescidos, que é altura de deixar.
A chucha é uma aliada da criança, a sua companhia que a conforta e lhe dá consolo em momentos em que está mais sozinha, que a organiza e a tranquiliza e por isso deixar a chucha é por vezes um momento difícil para a criança: fica mais triste, agitada, ansiosa, tem mais dificuldade em adormecer, fica com medo… E claro, para os pais também.
Assim, há algumas estratégias que poderão ser úteis para ajudar o seu filho a deixar a chucha e assim ajudar-se a si também nesta fase:
– Em primeiro lugar é importante não forçar nem usar métodos drásticos, como a colocação de substâncias amargas na chucha; - Evite os comentários negativos ou censurar como “ – Ah que feio de chucha.” “ – És a única menina de 4 anos que usa chucha. Não acho nada bem…” - Pode iniciar um treino gradual com o seu filho, começando a restringir o uso: proponha guardar a chucha num determinado lugar acordado pelos dois e só a usar quando for muito necessário (quando estiver mais triste, doente ou assustado); - Gradualmente envolva o seu filho em outras atividades, dirigindo a atenção para as mesmas, reforçando que são atividades de gente crescida; - Pode trocar a chucha por um outro brinquedo que a criança deseje, mas nunca faça desta atitude um hábito, para que a criança não use o poder da chucha para conseguir realizar todas as suas vontades; - Marque uma data com a criança para deixar a chucha, motivando-a para o fazer, elogiando-a por ser mais crescida e transmitindo-lhe força, apoio e confiança para o fazer na data marcada; - A pouco e pouco vá dando exemplos de pessoas que o seu filho admire que conseguiram deixar a chucha (como o irmão mais velho por exemplo ou um primo), mas transmitindo também a ideia de que foi difícil para eles, para que não se sinta inferiorizado; - Nunca se esqueça de elogiar o seu filho em cada progresso e recompense-o com mimos e atividades juntos; - Esteja atento às situações em que percebe que a criança necessita mais da chucha e nesses momentos tente dar-lhe mais atenção e carinho, pode segurá-la no colo ou estar com ela a ler uma história, por exemplo; - Se a chucha é utilizada para adormecer, enquanto está a tentar deixar a chucha, dê-lhe alguns mimos na hora de dormir, leia com ele, converse ou conte-lhe uma história. Acima de tudo transmita-lhe confiança, segurança e apoio no desafio de deixar a chucha. Quanto mais o seu filho sentir que está com ele para o ajudar, que sabe que é difícil mas que acredita que ele é capaz, com mais coragem se sentirá para enfrentar o desafio! E que tal devagarinho começar já hoje?
Os meus filhos, por iniciativa da mãe, nunca usaram xuxa, parece-me, na verdade, que ela não é necessária. Pelo que vejo nos filhos dos outros, a xuxa é mais um incómodo,anda sempre a cair ao chão e os bebés pedem-na porque a ela se habituaram.