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Autor: Lúcia Bragança Paulino

Para tudo na vida procuramos uma explicação. Tal facto também acontece no contexto do comportamento da criança, nas relações familiares bem como nas questões relacionadas com a escola. Surgem frequentemente dúvidas sobre a origem das problemáticas que as crianças trazem para casa, o porquê dos sintomas ou mesmo a negação dos mesmos.

Será fácil pensar que existe uma relação direta entre o desenvolvimento motor, a qualidade das experiências afetivas e a origem da capacidade de pensar. Não há desenvolvimento motor sem existir um propósito para o mesmo que pressupõe experiências afetivas e uma capacidade crescente de reflexão e planeamento.

É certo para alguns autores desta área, que os sintomas mais frequentes nas perturbações mais ou menos graves, surgem como formas de combater a ansiedade e o medo, isto é, são sintomas reativos, que se manifestam normalmente na escola, na aprendizagem e com os pares. Muitos destes sintomas são precisamente apontados pela escola e por trás deles está muitas vezes uma criança triste e/ou ansiosa, que não consegue expressar a depressão de outra forma. Tal facto aponta para que os problemas da criança em idade escolar venham do passado pré-escolar, que se complica com a entrada na escola. São formas de combater a ansiedade e a tristeza que afligem as crianças e muitas vezes isto traduz-se em mau comportamento, rebeldia e agressividade ou por outro lado, timidez, baixa auto estima e fobia social.

De facto, há escolas melhores do que outras, que mostram capacidades de acolhimento, suporte, contenção, organização e estimulação. Por outro lado, a definição de criança difícil está ligada a um conceito social onde a tolerância que a família, a escola e a comunidade tenham para o sintoma, está diretamente relacionada.

A criança, mesmo com as suas capacidades intelectuais intactas, só poderá aprender quando não existirem “fantasmas” nem preocupações acessórias. É necessário haver uma disponibilidade psíquica para haver prazer em aprender e só assim haverá sucesso – é através da atividade lúdica que se aprende com sucesso, suportada por boas experiências emocionais mantidas. De facto, o prazer de aprender está enraizado no prazer de fazer e no prazer de brincar.

A escola e os seus elementos em interação deveriam formar um invólucro contentor, organizador e promotor de desenvolvimento, constituindo-se como a etapa seguinte ao contexto familiar.

Muito mais fica por dizer sobre este tema, no entanto, a realidade é que muitos dos pedidos feitos em contexto clínico nos surgem com estes indicadores, e o acompanhamento psicoterapêutico torna-se uma aliança essencial para a descoberta de estratégias que abrandem estes sintomas.