A Neurociência tem contribuído enormemente para o estudo e credibilidade dos processos envolvidos na hipnose. Aquilo que nós hipnoterapeutas já presenciávamos nos nossos consultórios, está a ser confirmado, e literalmente observado, através da investigação com neuroimagem – Ressonância Magnética Funcional (fMRI). Estudos têm verificado que as pessoas reagem à sugestão com hipnose “sentindo” e “vendo” como se estivessem expostos na realidade ao estímulo ou situação sugerida.
Irving Kirsch, professor de Psicologia na Universidade de Plymouth, observou que pessoas com nível elevado de sugestibilidade, quando dadas sugestões sob hipnose, ativavam zonas do cérebro (córtex visual) que correspondem às zonas ativadas na experiência de “ver” o estimulo real. Ao invés, pessoas em que era só dada a sugestão sem o processo de indução à hipnose, ativavam a parte do cérebro responsável por “pensar” acerca do estímulo. Isto é no mínimo fascinante porque nos permite assegurar o imenso poder da sugestão e o seu potencial quando aplicada na psicologia e medicina.
Então e o Efeito Placebo?
Por ser uma questão pragmática e válida e poder estar em jogo como variável que explique o sucesso do processo da sugestão com hipnose, tem igualmente merecido a atenção dos cientistas. Pierre Rainville, do Departamento de Estudos de Dor e Neuropsicologia da Universidade de Montreal, observou através da neuroimagem, que os processos neurológicos observados em dois grupos de estudo, em que num grupo foi usado um químico com função placebo para atenuação da dor, e noutro grupo, sugestão hipnótica para o mesmo efeito, são distintos e ocorrem em zonas do cérebro diferentes. Assim, admite-se que a sugestão por hipnose atua de modo distinto à sugestão induzida pelo efeito placebo.
Temos razões para otimismo relativamente à eficácia do poder de sugestão por hipnose, assim como à durabilidade desta eficácia. Efetivamente, muito se evoluiu desde os tempos de Charcot, neurologista nascido em 1825, que pela primeira vez viu no seu consultório o benefício real do poder da sugestão aplicada a um contexto médico. Temos ao nosso dispor presentemente, a possibilidade de aproveitar e estudar os mecanismos envolvidos no processo de sugestão com hipnose, e sua válida contribuição para o nosso bem-estar e qualidade de vida.
Susanne Marie França
Nao tenho qualquer opinião s/ o tema mas interesso-me por tudo o que seja desenvolvimentos no campo da ciência, nomeadamente quando aplicado à saúde e tenho muita curiosidade sobre o comportamento da mente. Quando se fala em levar, através da hipnose, um paciente até uma idade recuada para o tratar de uma fobia, parece-me agora impossível ao ler este artigo, visto ter entendido que a hipnose é apenas um processo de sugestão e portanto apenas para quem seja sugestionável …Seria muito bom termos no facebook alguma explicação sobre esta m/ dúvida que será a de muitos outros seguidores da Oficina de Psicologia que tão generosamente nos presenteia sempre com artigos interessantes e atuais.
Muito obrigada.