Autor: Marta Porto
As práticas disciplinares punitivas são menos eficazes por diferentes motivos. Em primeiro lugar, porque estas práticas em vez de centrarem a atenção da criança nas consequências negativas do seu comportamento dirigem a atenção da criança para o estatuto de poder parental, provocando uma activação emocional negativa (frustração, hostilidade, tensão) que impossibilita a criança de processar as consequências da transgressão. Em segundo lugar, porque o recurso excessivo à punição física pode promover, em alguns casos, reacções e motivações para resistir ao controlo comportamental e oferecer um modelo de agressão para o comportamento. Por fim, mesmo que estas práticas sejam eficazes na obtenção de obediência imediata, por promoverem um comportamento de obediência orientado pelo medo, têm efeitos menos duradouros. A acumulação de tensão e hostilidade dirigida aos pais pode aumentar a possibilidade da criança rejeitar os seus valores e dirigir a sua hostilidade a outras pessoas com menos poder (por exemplo, outras crianças).
Por sua vez, a retirada do afecto, como técnica disciplinar, inclui comportamentos parentais tais como desaprovar, ridicularizar, isolar e ignorar a criança, exprimir frieza, desinteresse e desapontamento, podendo ser entendidas como uma forma de punição. As crianças submetidas às técnicas de retirada do afecto cumprem as exigências que lhes são impostas apenas para evitar as consequências negativas que podem advir do seu não-cumprimento. Neste caso, a motivação das crianças para emendar a transgressão cometida é diminuir a culpa e a ansiedade provocadas pela acção dos pais, obtendo de novo a aceitação e o afecto dos progenitores.
Assim, as práticas educativas mais eficazes são aquelas que favorecem a Internalização, ou seja, assunção por parte da criança e do adolescente de valores e atitudes prevalecentes na sociedade, de tal forma que o comportamento aceitável não é motivado pela antecipação de consequências externas, mas por factores internos ou intrínsecos.