Tudo o que diz respeito ao cérebro está normalmente associado a um grande peso, a uma sombra de gravidade e até mesmo de angústia
Um “problema no cérebro” é normalmente sinónimo de um “problema irreversível” ou “sem recuperação possível” ou ainda de “problema crónico” com o qual temos que viver para sempre.
E todos estes fantasmas e receios não são desadequados e têm a sua razão de ser. O cérebro é a nossa “torre de controlo” e, sendo assim, é um órgão de extrema importância para o funcionamento de todo o nosso organismo.
Além disso, ainda me recordo bem das aulas de Biologia na escola nas quais nos era ensinado que as células do cérebro não se reproduziam e que, uma vez danificadas ou mortas, não se podiam recuperar. Sendo assim, uma lesão cerebral era sinónimo de uma lesão para todo o sempre…
Nos últimos anos, com o desenvolvimento da tecnologia, as neurociências evoluiram de forma espantosa e acelerada. As novas técnicas permitem captar imagens do cérebro muito mais nítidas e precisas, o que tem ajudado a desvendar muito mais do que se passa nesta caixinha mágica e misteriosa chamada cérebro.
Todas as inovações tecnológicas e científicas permitem hoje em dia compreender que muitos dos dados divulgados no passado não são exactos e confirmar que (felizmente) muitas afirmações científicas passaram a ser “mitos” que já podem ser agora desmistificados e desconstruídos pelas neurociências.
Assim, sabemos agora que afirmações como…
“O cérebro tem uma capacidade muito limitada de recuperação”
“O declíneo cerebral associado à idade é um facto da vida”
“Os problemas bioquímicos do cérebro apenas podem ser tratados com medicamentos”
… não são exactas e estão longe de ser verdades absolutas.
Pelo contrário, sabemos agora que o nosso cérebro é um sistema altamente complexo mas também altamente adaptativo, com grande potencial de mudança e adaptação.
Se melhorar é possível, a esperança é cada vez maior!
Vera Martins