Acho que é depressão. Ajuda-me a ajudar?
Reconhecer que os pais estão em sofrimento, querer ajudar e não saber como fazê-lo.
Inês, não sei o que se passa com a minha mãe. Acho que está deprimida. Quero ajudá-la e não sei como.
Inês, o meu pai está tão diferente. Sem energia, sem vontade de fazer nada, a dizer coisas que me assustam. Não sei como reagir. Ajuda-me a ajudá-lo?
Inês, estou mesmo preocupado com a minha mãe. Tenho quase a certeza que está deprimida. Como posso chegar a ela?
Inês, mal reconheço o meu pai… Penso que está deprimido. Qual é o papel de um filho nestas situações?
Quatro verbalizações, quatro recentes pedidos de ajuda, de jovens nas minhas consultas, não muito distantes no tempo…. Reconhecer que os pais estão em sofrimento, querer ajudar e não saber como fazê-lo, é tema que acontece surgir em consultas.
Este pequeno texto é um pequeno enquadramento que não exclui, de todo, um aconselhamento personalizado.
Enquanto jovem, em crescimento, e em constante procura de ajustamento aos desafios do crescer em todas as suas dimensões, pode ser difícil reconhecer qual o teu papel quando vês que um dos teus pais está diferente, a sofrer e pensas que possa estar deprimido.
Dependendo da tua idade, a verdade é que poderá haver pouca coisa ao teu alcance que possa ajudar plenamente os teus pais, mas há várias pequenas coisas que poderás fazer e que te podem ajudar a lidar com uma situação deste género.
Partilho contigo alguma informação importante.
Familiariza-te com os sintomas da depressão. Poderás reparar que a tua mãe ou pai pode estar menos envolvido em tarefas que anteriormente lhe davam prazer. Poderá parecer mais triste, desesperançado, em baixo. Poderás aperceber-te de mudanças de peso ou no sono. Podem ocorrer mudanças de comportamento, como maior irritabilidade ou agressividade. Poderás notar que tem menos energia ou que aparenta um sentimento de exaustão na maior parte do tempo. Conheceres os sintomas da depressão pode ajudar-te a enquadrar aquilo que observas.
Conversa com o teu pai ou a tua mãe, sobre aquilo que te procura nele/a. Poderá ser desconfortável trazer um tema destes à vossa comunicação, particularmente quando toca alguém tão próximo. Aborda o tema numa perspetiva de preocupação e cuidado. Recorda a tua mãe ou o teu pai como ele/a é importante para ti e como valorizas o seu bem-estar.
Estou apreensivo sobre como te tenho visto. O que mudou? Como te tens sentido?
Tenho reparado nalgumas mudanças no teu estado de espírito e tenho-te visto mais triste. Podemos falar sobre isso?
Encoraja a procura de ajuda psicoterapêutica. A ajuda profissional, de um psicólogo por exemplo, é fundamental.
Tu não és de maneira alguma responsável pela fase que o teu pai / a tua mãe está a viver, pela forma como se sente, por aquilo que pensa ou pela forma como se comporta. A terapia será uma ótima ajuda para reenquadrar padrões de pensamento, aprender estratégias de de regulação emocional e adotar estratégias preventivas…
Quero ver-te feliz. Acho que um psicoterapeuta te pode ajudar. Vamos marcar uma consulta?
Passem tempo juntos. Os teus pais adoram-te mesmo que durante uma fase emocionalmente mais exigente não esteja a consegue demonstrar-te isso mesmo. Passarem tempo juntos é uma forma de demonstrarem o afeto que nutrem um pelo outro. Façam atividades que ambos apreciem.
Façam passeios no exterior.
A natureza, a luz solar e o ar puro ajudam a relaxar e a encontrar bem-estar.
Mostra à tua mãe, ou ao teu pai, o quanto gostas dele/a.Frequentemente, as pessoas que se sentem deprimidas, sentem que ninguém gosta delas e que a sua presença não é valorizada. Demonstrações de apreço ajudam a fortalecer emoções positivas. Escreve uma carta ou um postal, faz um desenho…. Experienciem o poder do toque. Um abraço permite o emergir de emoções prazerosas.
Caso repares que algum dos teus pais não se sente em condições de cuidar de si próprio, porque não cuida da sua higiene, não se alimenta devidamente ou não cuida da sua roupa, isso poderá querer dizer que precisa de apoio para cuidar das tuas necessidades. Este será mais um sinal de alerta para que procurem ajuda especializada. Partilha as tuas preocupações com outro adulto da tua confiança.
Por fim, não menos importante, faz o que está ao teu alcance para cuidares de ti! Recorda que nada do que estão a viver é responsabilidade tua. Sentimentos de culpa em nada te ajudarão a ti ou à pessoa com quem estás preocupado. Não leves “a peito” aquilo que escutas. Passa tempo com pessoas de quem gostas, família e amigos. É importante que não te isoles e que não vivas este período sozinho.
Muito importante: partilha o que pensas e sentes com alguém em quem confias.
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Parabéns Inês pelo artigo! Creio que está cada vez mais comum termos casos de entristecimento e depressão dentro dos lares. E quando um adulto é acometido, a dificuldade da criança ou adolescente é ainda maior.
Sou psicóloga clínica e escolar aqui no Brasil, e percebo essa realidade muito de perto.
Grata pela contribuição e inspiração.
Susana Mariusso Targa
Obrigada pelo conteúdo. Tenho crescido muito como estudante de Psicologia.