Burnout: Crise ou Oportunidade?

Tempo de Leitura: 4 min

Atenção Mulher Maravilha!

Já pensou que ser capaz de “atender a tudo e a todos ao mesmo tempo e agora” pode ser uma grande armadilha?

Diana era jovem, cheia de energia e saúde, tinha a certeza de que estava imune a qualquer tipo de desequilíbrio. Trabalhava numa empresa multinacional, convivia com profissionais inspiradores e geria projetos que tinham impacto na vida de milhares de pessoas.

Ganhou prêmios, era reconhecida pelo seu desempenho e incentivada a manter-se no topo. Apresentava-se como uma pessoa independente, bem-resolvida, excelente mãe e esposa, com opiniões fortes e um estilo de vida saudável. Praticava desporto, não bebia, não fumava, ajudava os filhos nos trabalhos de casa, acompanhava o marido em atividades profissionais, tinha uma vida social intensa, era voluntária em iniciativas humanitárias. Sentia-se como a mulher maravilha, capaz de atingir todas as suas ambições pessoais e profissionais!

Diana tinha um imenso trabalho em manter esta imagem de sucesso para si própria e para o mundo. Mas, como recompensa, tinha a sensação de que estava no comando da sua vida. Equívoco. Diana queria ser perfeita e esperava o mesmo de todos ao seu redor. E isso custou-lhe caro!

Diana não se deu conta de que, muito lentamente, começou a ter uma queda na sua criatividade e energia para o trabalho. Sentia-se mais irritada e via-se frequentemente envolvida em conflitos com os colegas e com a sua própria equipa.

Diana estava a enfrentar os primeiros sintomas da síndrome de burnout. Vivia uma angústia advinda da necessidade de ser altamente reconhecida no trabalho e de um sentimento de que precisava dar uma maior dedicação a sua casa, marido e filhos. Passou a ter enxaquecas, tensões musculares, insónia e o trabalho já não despertava o mesmo interesse de antes. Diana chegou ao ponto de sentir-se completamente esgotada, sem condições para trabalhar e foi obrigada a pedir uma baixa médica.

Diana, mãe de dois filhos, sofria de burnout, síndrome caraterizada pelo esgotamento físico e mental, gerado por uma quebra de harmonia entre as áreas somática, intelectual e emocional. O burnout tem um início lento e progressivo, provoca uma sensação de mal-estar indefinido e sintomas que geralmente são atribuídos ao excesso de trabalho. Dificilmente é detetado precocemente, pois atinge predominantemente indivíduos auto-suficientes, que estão acostumados a esconder as suas fraquezas. 

Diana era uma destas pessoas! Quando se deu conta já estava com um sentimento de completo esgotamento, exaustão e incapacidade para o trabalho. Já não sentia a mesma segurança quanto às suas capacidades, a sua produtividade e auto-estima ficaram muito comprometidas.

Mulheres e homens estão sujeitos a desenvolver a síndrome do burnout. No entanto, estudos comprovam que nós, mulheres, constituímos um grupo de risco. Além dos desafios da carreira profissional, assumimos com mais frequência que os homens, múltiplos papéis não remunerados como o  cuidado dos filhos, os afazeres domésticos,  o  cuidado dos progenitores, entre outros. E muitas vezes impomo-nos ser perfeitas em todas estas áreas.

Mas afinal o que aconteceu com a nossa querida personagem Diana, a mulher maravilha? Parece que inspirada na música do Chico Buarque, cantor e compositor brasileiro, Diana foi capaz de levantar-se, sacudir a poeira e dar a volta por cima!   Diana voltou a trabalhar e sente-se realizada com a sua vida pessoal e profissional. 

Maravilha! E quais são as dicas da Diana (agora ex mulher maravilha)?

Muito simples de mencionar mas um grande desafio a praticar no nosso dia a dia:

  • Encare a crise como uma oportunidade de fazer uma revisão completa dos seus valores e do que realmente importa;
  • Deixe muitas bandeiras que defendia, pelo caminho;
  • Aprenda a pedir ajuda;
  • Tenha horário para entrar e sair do trabalho, defina prioridades;
  • Aprenda  a dizer “não” (sem culpas e sem ter de se justificar);
  • Escolha criteriosamente os seus projetos e as pessoas que quer ter por perto; 
  • Reconheça e comunique os seus desejos e os seus limites;
  • Reveja as suas metas de desempenho e assegure que são realistas;
  • Reinvente-se: descubra uma vida mais plena, completa e feliz.

O burnout feminino reflete a forma como vivemos. Conquistamos um importante espaço no mundo do trabalho mas ainda temos uma longa jornada a percorrer na busca de uma divisão de responsabilidades mais balanceada.

Habituamo-nos a fazer check up’s periódicos para garantir que o nosso corpo está em equilíbrio, mas ignoramos que as emoções e os pensamentos fazem parte do nosso sistema. Acredite, não é sinal de fraqueza reconhecermos que precisamos fazer o nosso check up emocional.

Pronta para começar? Humildade e coragem para pedir ajuda quando algo não vai bem, contar com o apoio de familiares, amigos ou especialistas é fundamental para o restabelecimento do nosso equilíbrio!

Vera Saicali

Vera Saicali
Vera SaicaliPsicóloga Clínica
2018-05-09T11:56:36+01:009 de Maio, 2018|
Go to Top