“Sinto raiva, revolta e uma grande angústia mas acima de tudo muito medo. O medo da morte, da dor e do sofrimento. Como vai ser o meu futuro?” (Paciente com cancro)
O diagnóstico de cancro da mama é um dos mais temidos pelas mulheres, sendo uma doença conhecida como potencialmente mortal que estigmatiza a mulher e que habitualmente tem consequências ao nível do seu funcionamento biológico, psicológico e social.
O prognóstico do cancro da mama é incerto e os tratamentos e procedimentos cirúrgicos são habitualmente agressivos expondo a mulher a alterações no seu corpo.
Apesar dos avanços da medicina no tratamento do cancro, as mulheres ainda sentem, muitas vezes, este diagnóstico como uma “sentença de morte” associada a dor, sofrimento e degradação, provocando sentimentos de incerteza e ansiedade quanto ao futuro e pensamentos recorrentes sobre a morte. A angústia e sofrimento não são apenas vividos pela paciente mas também pela sua família que acompanha todo o processo.
A mama é um símbolo de sexualidade e feminilidade. Perder este órgão pode levar a uma perda de auto-estima, provocando sentimentos de inferioridade e rejeição em relação aos outros. Estas preocupações pessoais e o impacto ao nível da auto-estima e auto-imagem remetem para medos e fantasias que muitas vezes comprometem a relação conjugal e a sexualidade.
A auto-imagem afectada não significa simplesmente alterações na aparência física mas pode incluir também a percepção de que o corpo não está intacto, completo e a funcionar bem.
A mama, para além de pertencer à estética feminina, exerce uma função fisiológica de amamentação, sendo um símbolo de maternidade, protecção, suavidade e de segurança (colo materno). É também das partes do corpo mais associadas ao prazer na relação sexual. Perdê-la significa perder estas faculdades tão importantes na vida de uma mulher.
Vivemos no corpo a ameaça de perder a vida, é nele que a(s) doença(s) se manifesta(m) mas será que o nosso bem-estar psicológico pode evitar o avanço da doença? Diversos estudos mostram que as pessoas que tiveram apoio psicológico durante o tratamento oncológico melhoraram significativamente a sua qualidade de vida comparando com as que não realizaram intervenção psicológica.
As perturbações emocionais prejudicam o bom funcionamento do sistema imunológico causando alterações bioquímicas. As pessoas que têm o chamado “espírito de luta” e que adoptam uma atitude optimista têm maior esperança de vida do que as que reagem com sentimentos de desesperança e desamparo.
Vários estudos mostram que a pessoa que tem acompanhamento psicológico tem uma melhoria do estado geral de saúde, melhor tolerância aos efeitos adversos da terapêutica oncológica e melhor comunicação entre a família e a equipa médica.
Não deixe de lutar pela vida! Procure ajuda neste momento delicado.