Autor: Susana Duarte
Doenças são palavras não ditas.
(Jacques Lacan)
Muitas pessoas acreditam que corpo e mente são duas coisas separadas. De facto, a nossa sociedade está acostumada a pensar que as doenças são causadas apenas por vírus, bactérias, má alimentação, etc., e que a sua origem é apenas física. Na maioria das vezes, não damos conta que o nosso corpo também responde aos acontecimentos dolorosos do dia-a-dia, que despertam emoções negativas (sentimentos de culpa, ressentimentos, julgamento, crítica, raiva, mágoa, indignação). Quem é que nunca sentiu, no final de um dia muito difícil ou stressante, dores de cabeça, dores de costas ou uma sensação difusa de dor por todo o corpo?
As investigações na área da Psicossomática comprovam que os nossos pensamentos e emoções alteram o fluxo bioquímico do nosso corpo, podendo ser os causadores de doenças e de vários problemas pessoais e sociais. Os pensamentos negativos e os sentimentos depressivos podem tornar-nos, de facto, mais vulneráveis a doenças. Por exemplo, se tivermos mais propensão para viver sobrecarregados de medos, preocupações e culpa, temos maior tendência para desenvolver enxaquecas, intestinos irritáveis ou problemas de estômago. Sabe-se também que o medo está relacionado com a asma brônquica, que o nervosismo está associado à úlcera gástrica, ou que a depressão tem alguma ligação com o desenvolvimento de cancro.
É importante analisarmos que a forma como fomos experienciando o mundo e o nosso corpo depende, em larga medida, das aprendizagens que fomos adquirindo ao longo das nossas vidas. Se, por exemplo, viermos de uma família em que o pai ou a mãe sofrem de problemas de ansiedade e depressão, teremos maior tendência para estar na vida de forma também pessimista, desesperançada e com preocupação constante. E estas crenças, pensamentos e emoções associadas, aprendidas ao longo da vida, direccionam as reacções químicas que ocorrem em cada célula do nosso corpo, alterando o seu fluxo bioquímico.
Se, por um lado, esta relação corpo-mente pode ser um pouco inquietante, por outro, é também altamente motivadora: todos temos o poder de construir e reconstruir o nosso próprio bem-estar! A relação que cada um de nós tem consigo próprio, com a sociedade e com o ambiente em que vive, pode ser liberta de velhos padrões de funcionamento, que nos vão adoecendo aos poucos, e tornar-se cada vez mais saudável e equilibrada. Somos responsáveis pela condução das nossas vidas e pela promoção do nosso bem-estar físico e emocional. Se não conseguirmos sozinhos, é um sinal de coragem e de determinação procurarmos ajuda. A nossa saúde – física e mental – merece!