Chegados os dias quentes, o tópico da aparência física vem muitas vezes à baila entre as mulheres. Ou é porque queremos fazer aquela dieta eternamente adiada, ou porque queremos tonificar algumas zonas do corpo, ou porque queremos ficar bem naquele vestido.
Porém, não são só as mulheres a preocuparem-se com o seu corpo. Muitos homens também olham (e cada vez mais) para a sua aparência física, para a forma como se vestem ou para a tonificação dos seus músculos. Neste campo da preocupação com o físico masculino, existe uma perturbação psicológica muito pouco conhecida: a vigorexia.
Já todos ouvimos falar de anorexia, que pressupõe uma preocupação excessiva com a magreza, utilizando métodos extremistas para atingir ou manter um peso extremamente baixo (e.g. evitar comer, tomar laxantes ou diuréticos, forçar o vómito, fazer exercício físico excessivo), mantendo no entanto uma insatisfação relativamente à aparência e ao peso que se tem. Embora a anorexia também exista em homens, ela é mais comum nas mulheres (principalmente, adolescentes), e tem consequências muito nocivas.
Por sua vez, a vigorexia ou Síndrome de Adónis, ao contrário da anorexia, é mais frequente em homens adultos, principalmente entre praticantes de halterofilismo ou de culturismo. É caracterizada por uma preocupação excessiva com a tonificação muscular do corpo e uma insatisfação persistente com a aparência (neste caso, relacionado com a perceção de força ou tónus muscular). As pessoas que sofrem de vigorexia normalmente fazem exercício físico em excesso, recorrendo muitas vezes ao uso de esteroides para aumentar o volume da sua massa muscular.
Associados a esta perturbação existem outros sintomas, que são frequentes, devido a este excesso de exercício físico ou pelo uso de esteroides: dor muscular persistente em todo o corpo, cansaço ou fadiga, irritabilidade, aumento da frequência cardíaca em repouso, maior suscetibilidade a infeções, maior frequência de lesões físicas e dificuldades no desempenho sexual. Para além disso, podem existir sintomas de depressão (insónias, baixa autoestima, sentimentos de inferioridade, perda de motivação), de ansiedade/inquietação ou de anorexia. É também muito frequente as pessoas terem uma dieta muito restritiva, alimentando-se apenas de comidas muito proteicas e que fomentem a formação de massa muscular.
Esta patologia pode ter consequências nefastas, a longo prazo, na saúde das pessoas que dela padecem, tais como doenças cardiovasculares, insuficiência renal ou hepática, cancro da próstata ou diminuição do tecido testicular (quando existe abuso de esteroides). Já a nível do seu dia-a-dia, as pessoas deixam de realizar as suas tarefas diárias para continuarem a realizar exercício físico, e, tal como foi mencionado acima, podem sofrer de outros problemas emocionais (depressão ou ansiedade).
Em suma, é muito importante a deteção precoce deste tipo de pensamentos e preocupações excessivas com o corpo, dado que a evolução desta perturbação pode tornar-se crónica e comportar consequências médicas difíceis de voltar atrás. Preocupações com o corpo todos temos, não devemos é deixar que elas se apoderam da nossa vida.
Autora: Catarina Cunha