O presente estudo foca-se na experiência da utilização do Protocolo de Tratamento com EMDR integrado em Grupo (EMDR-IGTP), em 16 crianças cujos pais, faleceram em 2006 em consequência de uma explosão na mina de Pasta de Concho, no México que vitimou 65 mineiros.
O EMDR-IGTP tem sido usado em diferentes partes do mundo desde 1998, tanto com adultos como com crianças, após desastres naturais ou causados pelo homem. Este protocolo foi desenvolvido pelos membros da Associação Mexicana para a Ajuda Mental em Crises (AMAMECRISIS) em 1997, fruto da devastação do furacão Pauline na costa do México. Nasceu então do desafio de tratar o máximo de pessoas em simultâneo com uma terapia poderosa e eficaz como o EMDR, mas que originalmente foi criada para o uso individual. O EMDR-IGTP consiste assim na combinação do tratamento standard com EMDR e um modelo de terapia de grupo.
Alguns dos benefícios do EMDR-IGTP são o poder ser transportado, pois tem apresentado resultados eficazes em diferentes culturas, este formato de terapia oferece uma maior abrangência que o EMDR aplicado individualmente e pode produzir um maior resultado do que o esperado da terapia de grupo tradicional, com a vantagem de chegar a mais pessoas, num limite de tempo reduzido, por exemplo uma equipa de 5 terapeutas, será capaz de tratar entre 160 a 200 crianças num período de cerca de 4 horas. De notar a importância de aplicar este protocolo a grupos que tenham vivenciado a mesma experiência traumática (neste caso o falecimento dos mineiros).
É assim recomendado pelos autores (Jarero, Artigas, Montero & Lena, 2008) que o EMDR-IGTP faça parte de programas de tratamento ao trauma em vítimas de desastres. Os resultados obtidos no presente estudo são consistentes com os resultados de outros estudos que investigaram a aplicação do EMDR-IGTP em grupos de crianças. Estes resultados também são consistentes com os resultados obtidos após a aplicação do protocolo em adultos traumatizados.
Em suma, resultados preliminares sugerem que o EMDR-IGTP poderá ser um meio eficaz de providenciar tratamento a grupos grandes de pessoas, que sofreram o impacto de incidentes de grande escala, e com os incidentes de grande escala que assolam o nosso Planeta cada vez mais frequentemente, este pode ser uma grande mais-valia na intervenção em crise.
Jarero, I., Artigas, L., Montero, M. & Lena, L. (2008). The EMDR Integrative Group Treatment Protocol: Application with Child Victims of a Mass Disaster. [Electronic version]. Journal of EMDR Practice and Research, 2(2), pp 97-105.