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Autor: Lúcia Bragança Paulino

Não é difícil ensinar, o grande desafio está em saber educar… Por vezes sinto a sociedade tão focada nos problemas de comportamento das crianças, nas dificuldades de aprendizagem, nos traumas, que parece que todos “nós” nos esquecemos dos sentimentos que devemos transmitir diariamente às crianças com que lidamos. Falo de “nós” enquanto pais, cuidadores, professores e profissionais de saúde.

Nem só com um diagnóstico se resolve um problema. O enfoque no problema leva a que muitas vezes se perca a orientação que conduz à relação segura, empática e tranquilizadora que “nós” devemos ter. Deixamos de estar atentos a todo um rol de necessidades emocionais e educativas que uma criança também tem.

Numa reflexão transversal que faço dos casos clínicos que acompanho, e embora caminhemos para uma sociedade cada vez mais informada e atenta, observo como os pais nunca se sentiram tão perdidos e tão inseguros da sua forma de educar.

A comunicação entre pais e filhos está cada vez mais difícil e por todo o lado encontro frustração em educadores responsáveis e empenhados. A distância que “nos” separa das crianças é cada vez maior e automaticamente vemos o mundo como um sítio ameaçador e inseguro. Perde-se a capacidade de proteger e ficamos aflitos.

A questão que se coloca poderá formular-se da seguinte forma: Será a probabilidade de “nós” acertarmos naquilo que é realmente importante para aquela criança, naquele momento, ínfima? Ou será que tarefas como dar colo, mimo, responsabilidade e autonomia, brincar e conviver não serão já a grande prova de capacidade para lidar com os desafios que as crianças trazem diariamente? Não temos de ser super-heróis para conseguirmos “ler” o que cada criança necessita. Temos sim de, em doses suficientes e bem distribuídas no tempo, fornecer todos aqueles fatores que promovem o bem-estar de qualquer ser-humano e, em especial, das crianças.

Os nossos filhos querem sempre ser mimados por “nós”, mesmo quando tudo indica o contrário. Não podemos é desistir.