A transição que um aluno experimenta ao passar do ensino secundário para o superior é considerada por muitos uma das mais importantes ao longo dos ciclos escolar e académico dos jovens. Assim, o ensino superior constitui para o estudante um importante período de transição, não só a nível académico, mas também emocional e pessoal, devendo ser promotor do desenvolvimento do indivíduo em várias dimensões da sua existência, bem como da reflexão sobre ideias, experiências, modelos e papéis.
Aos primeiros anos do ensino superior liga-se o facto de ser nesse período que a “adaptação” tem a sua maior expressão. A fase de transição vivenciada por estes estudantes, que se traduz na adaptação a um novo meio e comunidade, abrange vários aspetos comuns a todos os indivíduos.
Uma análise recente permitiu destacar aspetos considerados relevantes numa fase de transição e adaptação dos estudantes, tais como a ajuda obtida ou não em orientação; as atividades extracurriculares no ensino secundário e os tempos livres mais recentemente desenvolvidos; os projetos antes de ingressar no ensino superior; os fatores mais determinantes para a escolha do estabelecimento e do curso; o sentimento de que o curso está a corresponder aos objetivos e expectativas; a identificação de eventuais dificuldades que os estudantes estejam a sentir; se estão satisfeitos com o curso e porquê; se preferiam ter-se inscrito noutro curso superior; o que consideram mais importante para se sentirem bem no estabelecimento e com o curso que frequentam. São, portanto, muitas as dúvidas que recaem sobre o jovem.
Ao entrar para o ensino superior, é conseguido o que sempre se ambicionou, mas desde logo são muitas as questões que se lhe colocam e podem perturbar o ciclo que se inicia: Terei sucesso? Serei capaz de lidar com os desafios? Terei vontade de desistir? Serei capaz de estudar e ser bem-sucedido? Para estas questões, muitas vezes, as respostas formais e informais são quase nulas, enredando o jovem numa teia de dúvidas…
Por outro lado, à medida que se aproximam do fim da formação, o envolvimento no meio académico tende a ser mais pleno e visa já a preparação da transição para o mundo do trabalho. Mas também a vivência da transição para a vida ativa é cada vez mais complexa e obriga a uma constante adaptabilidade por parte dos estudantes que frequentam o ensino superior, o que acentua a importância de intervir mais precocemente e de forma sistemática e continuada.
Todos já ouvimos os jovens dizerem que não valerá a pena terminar o percurso, pois não terão a sua oportunidade… Torna-se, pois, premente criar estratégias que lhes permitam melhor lidar com tantos desafios, dando-lhes igualmente ferramentas internas para se ajustarem à frustração que tantas dificuldades acarretam.