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Autor: Francisco de Soure

Há muito que se discute a importância real do bem-estar emocional em aspectos como a produtividade laboral, o bom ambiente nas empresas e a sua capacidade de reacção à adversidade.

O pensamento empresarial clássico tendia a tratar os aspectos associados às diferenças entre pessoas e os seus estados como algo apesar do qual a empresa deveria funcionar. Como reflexo, a maioria das empresas tinha políticas de recursos humanos desenhadas para minimizar o impacto das diferenças, em especial no que dizia respeito a opiniões, desejos e estados emocionais. Desenvolveram-se programas de formação, desenharam-se descrições de função profissional cada vez mais restritas no seu âmbito, fez-se tudo para que as pessoas funcionassem entre si como rodas dentadas integradas numa grande máquina. No entanto, nos últimos anos esta visão tem vindo a ser contestada por cientistas das áreas de psicologia que lidam mais de perto com o mundo laboral. E, embora muitas empresas se mostrem altamente resistentes a desenvolver políticas de recursos humanos que valorizem e desenvolvam as diferenças entre pessoas, há um aspecto que se torna cada vez mais incontornável: o papel da saúde mental no exercício da profissão.

Nos últimos anos um conjunto de investigações tem vindo a expressar em cifrões o custo anual nas empresas das quebras de produtividade motivadas por sofrimento psicológico dos elementos das suas equipas. A 9 de Janeiro de 2014 foi apresentado no Congresso Anual da Ordem de Psicólogos do Reino Unido um estudo que vem reforçar a relevância desta questão. Após entrevistarem mais de 1200 pessoas, os investigadores concluíram que as emoções que trazemos de casa têm um impacto fortíssimo no nosso desempenho profissional e mesmo no nosso percurso. No que diz respeito à ansiedade, os resultados são esclarecedores. Pessoas ansiosas tenderão a ser menos ambiciosas, expressar-se-ão menos felizes e sortudas no trabalho; dizem ainda ser frequente requerer tempo de baixa devido a cansaço e tédio. Pelo contrário, pessoas menos ansiosas e emocionalmente estáveis mostram-se consistentemente mais motivadas e dirigidas para objectivos e são seleccionadas com maior frequência para promoções e cargos de liderança mesmo fora do trabalho.

As provas avolumam-se! A produtividade e a satisfação no local de trabalho devem-se a muito mais que políticas salariais e organizacionais.

Na empresa onde trabalha, como avalia a ansiedade sentida na equipa que integra ou dirige?