Autor: Fátima Ferro
Vemos muitas vezes a quebra de autoestima entre as raparigas adolescentes, em grande parte, devido às pressões sociais em relação ao culto do corpo feminino. Imagem que se foi alterando ao longo dos tempos mas que parece ter ficado nas medidas de corpo perfeitas e dignas de qualquer modelo, mais que não sejam, esculpidas em Photoshop.
Não querendo dizer que não acontece com os rapazes, mas sim que a imagem corporal está muito difundida entre as raparigas, havendo cada vez mais uma concentração naquilo que é o aspeto exterior quase que caindo no esquecimento, o aspeto interior.
E não há autoestima que resista a tudo o que são imagens com que somos bombardeadas, quer visuais, quer auditivas.
Aprender a amar o nosso corpo implica tratá-lo com respeito, encontrarmos a paz com o nosso próprio aspeto físico e revelarmos aquilo que temos de melhor, um sentimento de competência física.
O gosto pelo que temos, permite às raparigas agirem de uma forma direcionada e leva-as a criarem vidas com sentido, e não a uma contínua sensação de procura de prazer ou autossatisfação determinada. Permite perceber que a sua força interior, é que projeta o seu valor e não a sua aparência, e que esse não muda ao sabor da moda e das pessoas que estão à nossa volta.
Sei de antemão que não é fácil e que muitas ao lerem estas linhas pensarão “Pois! Mas quem é que consegue ir lá para fora e não estar bem vestida, ou com o corpo X,Y ou Z?”.
É importante percebermo-nos como um conjunto, um somatório de todas as partes que é claramente diferente da sua separação, e não termos uma imagem intrínseca de um corpo fragmentado em parcelas que têm de ser vestidas e mostradas no seu melhor, transformando-o num objeto de adorno que se muda conforme o gosto. Correndo o risco de cairmos no reducionismo, em que o gostar apenas depende do que se veste hoje ou amanhã, algo subjetivo porque há quem goste mais disto e há quem goste mais daquilo.
Como pais e sobretudo como mães, já que estamos a centrar-nos mais nos aspetos femininos, é importante que olhemos para nós próprias e tenhamos uma relação diferente com o nosso corpo, para podermos iniciar uma nova conversa com as nossas filhas:
– Não desvalorize o que ela diz, oiça-a com atenção e tente compreender o seu mal-estar e o que ela não gosta. Reconheça qualquer sofrimento que possa estar a sentir;
– Modele uma imagem de um corpo saudável e a importância que isso pode ter. Se for o caso recorra a uma consulta de nutrição;
– Mostre-lhe a importância de relaxar, praticar exercício físico, como uma forma de “bem-estar” e saúde;
– Não se queixe do seu corpo, demonstre-lhe autoconfiança. Fale de si própria de uma forma positiva;
– Não lhe transmita a ideia de que envelhecer é uma praga, o importante é manter-se em forma, ativa e saudável;
– Tente não manifestar inveja do corpo de outras mulheres;
– Evite criticar o corpo de outras direcionando a sua atenção mais uma vez para os aspetos físicos. Em vez de se centrar no tamanho ou formas de uma pessoa, preste mais atenção às suas características, Ex: “Repara como ela ri com os olhos” ou “repara como ela caminha com autoconfiança”;
– Mostre-lhe a importância das pessoas pelo que elas são interiormente. Ajude-a a ver mais além das imagens sedutoras, a ver com o coração;
– Fomente a sua autoconfiança valorizando-a ao longo do seu desenvolvimento, e a reconhecer o que têm de positivo;
– Ensine-lhes que a noção de “corpo perfeito” é efémera, muda e altera-se;
– Explique-lhes as transformações que as celebridades e modelos sofrem para ficarem “prontas para a câmara”.
Como mães e como mães de amanhã, as nossas filhas têm de aprender, hoje, a libertar-se das distrações exteriores e a olharem para dentro delas procurando aquilo que realmente lhes dá força e sabedoria. Sentindo-se em paz com os seus corpos, elas podem centrar-se na sua individualidade e sentiram-se mais orgulhosas por aquilo que são.